Era uma morte anunciada…
E aconteceu hoje.
Duas das velhas tílias, naquele frondoso recanto a que elas próprias deram nome, foram hoje trespassadas de morte.
Sucumbiram perante o racional imperativo da sua perigosidade pública.
A emoção, essa, foi alheia a quem lhes traçou o destino.
A emoção ficará nos olhos e no coração de quem as perdurará para sempre, apegadas que serão às recordações da bondade das suas sombras e dos enlevos musicais dos chilreios, que nos enchiam a sensibilidade naqueles finais de tarde estivais.
Outras virão, por certo ocupar-lhes o lugar.
Mas, dos viventes de hoje, poucos serão os que, de bem-aventurança, as contemplarão em fulgor.
Resta, aos outros, que durante imensos anos lhes gozaram a função, recordá-las com a saudade que os aconchega pelos momentos em que nelas se acoitaram, num emaranhado de histórias, sob a imensidade e o perfume das suas sedutoras folhagens.
Nuno Espinal