Apesar de, nos últimos anos, terem ocorrido avanços no estabelecimento de condições para que a igualdade entre géneros se equipare e, em termos de oportunidades, haja uma igualização entre os poderes e os estatutos de homens e mulheres, não deixa de continuar a constatar-se que ainda são os homens os dominadores da grande maioria dos patamares de afirmação, autoridade e soberania, dos "statu quo" sociais, estando as mulheres relegadas, por conseguinte, para um plano de subordinação e inferioridade.
Contudo, verifica-se uma tendência significativa de mudança desta discriminação funcional dos géneros, mercê de alterações normativas e comportamentais, perante uma nova mentalidade que ganha terreno no dia a dia.
Mesmo nos mais simples casos dos nossos quotidianos acontecem situações que têm todo o sentido de poderem ser consideradas exemplificativas de comprovada ascensão e até de superiorização das mulheres, graças a capacidades e empenho revelados.
Vem isto a propósito da afirmação de mulheres na nossa Flor do Alva. Ou melhor, em linguagem mais restrita e realista, da afirmação de “jovens do sexo feminino” na nossa Flor do Alva.
Aqui há uns anos a nossa “Filarmónica” era constituída só por homens, sendo impensável que integrasse mulheres. Com o 25 de Abril, e por razões de abertura e pragmatismo aplicado à sua própria continuidade, a Flor do Alva passou a integrar mulheres. Se inicialmente esta situação se revelava em número muito reduzido, com o desenrolar dos tempos o seu número aumentou, passando mesmo a suplantar ligeiramente, na actualidade, o dos homens.
Mas, para além da quantidade, é a sua qualidade que se torna mais relevante. De facto, nos vários concertos que a filarmónica tem ultimamente apresentado, há momentos de destaque que vão inteiros para as suas jovens, demonstrando nos "solos" musicais que exibem superior qualidade e atestando de que sem “elas” o grande êxito atribuído à nossa filarmónica seria impensável.
Parabéns pois às nossas jovens da “Flor do Alva”.
Nuno Espinal