Dizia-me um amigo meu, que é psicólogo e que tem em mãos um estudo sobre “sites e blogs”, a fim de desenvolver uma tese de objetivo meramente académico, que nos comentários que ultimamente tenho feito aos resultados do Vilacovense está patente, da minha parte, um desenvolvimento em que mitigo e até desvalorizo a crença, que inicialmente desenvolvi ,de que o Vilacovense tinha equipa para ir longe neste campeonato da Inatel, substituindo-a pela asserção, agora, de que o importante para o Vilacovense era congregar jogadores que praticassem desporto e representassem o emblema de Vila Cova.
Diz ele que entrei em evidente “dissonância cognitiva”.
Ora, para os leitores que desconhecem o significado da expressão, aqui vai uma breve explicação, retirada de um texto do psicólogo americano Festinger, o próprio que construiu o conceito:
"Quando as pessoas pretendem que as suas expectativas se tornem reais, exigem que a realidade se adeqúe àquilo que elas pensam que deveria ser, no sentido de encontrarem um senso de equilíbrio. Mas quando a realidade não se adequa àquilo que essas pessoas pensam que deveria ser, então elas entram em dissonância cognitiva e numa sensação de desconforto e de mal-estar. Para obviar a esta situação, essas pessoas tentarão sempre evitar situações ou fontes de informação que dêem azo a sentimentos de desconforto e, por isso, de dissonância cognitiva.
Por exemplo, é possível que alguém que é contra as touradas não passe sem comer carne de bovino. Para "remendar" essa incoerência (dissonância cognitiva) que a incomoda, essa pessoa pura e simplesmente desvaloriza a morte dos animais nos matadouros, dizendo por exemplo que “é uma morte rápida”. Por outro lado, possivelmente essa pessoa poderá ser contra as touradas e a favor do aborto livre: e para remendar a contradição (dissonância cognitiva) que consiste em defender a vida de um animal e não assumir a mesma posição em relação à vida humana, essa pessoa dirá que “a vida humana só começa a partir de um determinado tempo – por exemplo, 12 semanas – de gestação intra-uterina”. Tentando desvalorizar os dados provenientes da realidade, essa pessoa transforma a realidade em si mesma naquilo que ela quer que esta seja."
Tendo a maior consideração e respeito pelos juízos, em sede do seu mester, deste meu amigo, que de resto muito admiro, não deixo contudo de não concordar com esta sua opinião, já que acredito convictamente, e sinto-o desde sempre, que a maior vitória do Vilacovense é sempre conseguida no dia em que a sua Direção, em cada ano, inscreve a equipa de futebol no Inatel, garantindo a representatividade da nossa terra e a participação de jovens atletas numa pretensa prática saudável de desporto.
Para além do mais, os jogos em que o Vilacovense, como uma qualquer outra equipa, participa são sempre apelativos à reunião de muita gente, em fóruns de uma boa e alegre convivência, nos mais de noventa minutos que envolvem um jogo, o que constitui uma boa razão para a sustentação deste fenómeno.
Ganhar não deixa de não ser agradável e todos nós gostamos de ver o nosso “vilacovense” ganhar. Mas, quando não sucede assim sabemos que o mais importante foi cumprido e esse cumprimento será sempre a participação, dos atletas e dos adeptos, no acontecimento que são estes jogos de futebol do Inatel.
Esta época o Vilacovense teve uma participação em que não conquistou louros no pódio da tabela classificativa. E mesmo que último venha a ser na tabela, o que todos nós podemos dizer, porque o sentimos, é que o Vilacovense existiu, esteve lá, representou-nos enquanto localidade e proporcionou-nos motivos, que nos envolveram em momentos de bom e saudável entretenimento. Outros, de outras terras, já o mesmo não poderão dizer.
Ficha técnica do jogo Vilacovense 1 Vasco da Gama 3 (informação de Fábio Leitão):
Constituição da equipa:
Guarda-Redes: Sérgio;
Defesas: Fábio, Sérgio (bagaço) Diogo Poço, e Tó-Zé;
Médios: João Correia, Pedro Miguel, Pedro Abreu, Jorge Reis e Paulo Ribeiro;
Avançado: Mário Reis
Substituições:
Aos 40 minutos saiu Fábio e Tó-Zé e entraram Luís Carlos e Renato;
Aos 65 saiu Pedro Miguel e entrou Bruno Lopes;
Aos 72 saiu Pedro Abreu e entrou António Pereira.
Suplente não utilizado: Bruno Santos
Treinador: António Pereira
Massagista: Fernando Figueiredo
Delegado: José Santos
O próximo jogo do Vilacovense disputar-se á domingo, dia 25, em Pomares para defrontar a equipa local.
Nuno Espinal