Já não restam dúvidas de o avião do voo MH17 da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, ter sido abatido, na fronteira da Ucrânia com a Rússia, por um míssil terra-ar, de proveniência ainda não totalmente esclarecida.
Mas, o que deste trágico acontecimento, entre outras conclusões, releva é o impacto imediato que a notícia provocou em todo o Mundo, fazendo emergir um clamor público mundial, numa manifestação coletiva que é conclusiva de quanto é evidente de que o Mundo tende para a unidade e os acontecimentos, sociais ou eletivamente políticos, se caracterizam, cada vez mais, pela sua planetização.
O último campeonato do Mundo de futebol é, a par de outros, um caso que confirmativo desta verdade, que assumiu tão evidente proporção, graças ao poder de circulação e difusão da notícia, poder este que a tecnologia desenvolveu, em várias vertentes nos últimos anos.
Mas entre o acontecimento que foi o mundial de futebol e a queda do avião da “Malaysia Airlines” há uma diferença de monta. Os males do primeiro, quando os há e se é que os há, só os sente quem a eles voluntariamente adere. Os do segundo são diferentes. Integram-se no fenómeno da guerra e do terrorismo. E aqui, ai de nós pela nossa impotência. A não ser que este clamor mundial, típico neste momento de grande crise emocional, se converta em ação e atitude de todos os povos do mundo. Todos os povos em uníssono, como comunidade, como um povo só.
Mas esqueçam! Há “realities shows” prestes a começar. Os adormecimentos às realidades duras e cruas proliferam por todo o lado. E alegremente seremos nós, povos espalhados pelos vários cantos do planeta, ainda que induzidos a tal, os principais alimentadores desta indústria.
Nuno Espinal