Liberdade
Quando as folhas dançam e esvoaçam
E com elas danço e esvoaço
Suspensos do bracejar do vento
Que arrasta um tempo de quimera.
Então, a sós com a Natureza,
Em tons de primavera,
Perscruto-lhe o sentir.
E uma voz solene, que logo se esfuma,
Diz-me, em pulsar breve,
No exíguo clarear de súbita bruma:
Que estou no absoluto da liberdade.
Mas, refaz-se a realidade:
E logo me asseguram
Liberdade? Tem limites!
Coisa outra nem pode o fado ser.
E do deve e do haver,
Ouço dizer:
A minha liberdade termina quando a dos outros começa…
Que assim seja!
Liberdade sempre!
Em cravo de abril que viceja.
Nuno Espinal, Coimbra, 24 de abril de 2019