Mantenho o procedimento que me confina à permanência em casa, ainda que uma ou outra saída, justificável, me liberte das amarras que já o são pelo tempo prolongado em que as nossas liberdades têm estado cerceadas.
Mas, a fortiore, aceite-se o confinamento, ainda que circunstâncias o graduem em melhor ou em pior, no que dele a cada um cabe.
E mal, muito mal mesmo, dos que, além do confinamento, são ou foram flagelados por graves problemas económicos, em que a falta de dinheiro lhes trouxe a fome e, mais grave ainda, a filhos, também, quando existem.
Por isso considero-me um privilegiado.
E mais privilegiado ainda quando, da varanda de minha casa, abrigo do meu confinamento, em Vila Cova, sou distinguido com um dia que me sorri, cheio de luz e de cor, a justificar uma Primavera que teimava num confinamento de dias cinzentos e chuvosos.
Resmungar, eu? Perante muitos, com que fundamento?
Nuno Espinal