“Porco é rei” em Côja O principal dia acontece amanhã, com a recriação da tradicional matança do porco, mas hoje e domingo também é possível comer algumas iguarias tradicionais nos restaurantes da vila, confeccionadas à base de carne de porco
Este fim-de-semana o “Porco é rei” em Côja, no concelho de Arganil. A junta de freguesia local promove uma festa inteiramente dedicada ao porco, cuja carne foi, em tempos, a base da alimentação da população. Amanhã, uma matança tradicional recria o que foram as vivências daquela região em que, por altura do Natal, se matavam os porcos que constituíam a alimentação para o resto do ano. Com efeito, a matança não começa logo pela manhã e nem será real, como manda a tradição, uma vez que actualmente não é permitida fora dos matadouros. Ainda assim, acontece a partir das 15h00, recriando-se o que é possível, e trocando, no momento em que se espetaria a faca, o animal vivo por um já morto. «O porco vivo vai atravessar a vila, com um cesto de milho a abanar à frente, para o atrairmos para o local que queremos. Chegados ao local do “crime” simulamos o agarrar e o meter no banco do porco e trocamo-lo por um morto», explica o presidente da Junta de Freguesia de Côja, adiantando que, a partir daí, o animal é pendurado «como noutro tempo» para então se dar início à animação e ao jantar. João Oliveira, que se lança pela primeira vez nesta iniciativa, pretende dar a conhecer a tradição e, ao mesmo tempo, promover os pratos regionais à base de carne de porco e a própria região, atraindo os populares para a festa e os demais visitantes que se queiram juntar. Esta é, sublinha, mais uma iniciativa com vista à «dinamização cultural e recreativa» da vila de Côja que vai decorrer na Fonte Nova, um recinto à beira rio recuperado pela junta de freguesia para a realização deste tipo de iniciativas. Paralelamente, os quatro restaurantes da vila (Lagar do Alva, Prensa da Ribeira, Varandas do Alva e D. Ramiro II) juntam-se à iniciativa e, durante este fim-de-semana, dão especial destaque aos pratos confeccionados à base de carne de porco, designadamente bucho recheado, uma das iguarias mais típicas do concelho de Arganil, ossos do espinhaço, «a parte da coluna vertebral do porco cozida e servida com couves», cachola com todos, «a parte mais pobre do porco – a cabeça – cozida», febras na brasa, cozido à portuguesa, enchidos, torresmo baqueado e pernil no forno. Tudo isto pratos que era possível comer no dia da festa, ou seja, no dia em que se matava o porco, antigamente por altura do Natal. «Os lombos, couratos, presuntos e pés é que eram conservados em sal ou azeite para o resto do ano», explica o presidente da junta. O programa do “Porco é rei” tem início hoje, com os restaurantes aderentes a confeccionarem pratos à base de carne de porco. Amanhã a festa tem início às 15h00, com a matança do porco, seguida de um colóquio sobre a importância do porco na alimentação portuguesa, promovido pela Confraria do Bucho, de Arganil. Pelas 17h30 actua um grupo de concertinas e, uma hora depois, tem lugar uma prova de enchidos, seguida de jantar com porco no espeto. Margarida Alvarinhas |