Nestes dias de intenso calor são inevitáveis as recordações dos banhos à tardinha no rio.
Eram às dezenas “os lisboetas” que mergulhavam, chapinhavam, bracejavam nas águas receptivas do velho Alva. Fosse no Salgueiral, fosse no Porto de Avô.
Mas, aos poucos tudo se acabou.
Hoje são raros, muito raros mesmo, os banhistas que no Alva procuram o consolo da fresquidão.
Por um lado, ano a ano, os incondicionais por Vila Cova foram partindo em definitivo.
Depois, ano a ano, as apetências por outros destinos de férias acabariam por se impor.
Por fim, e de entre outras razões mais, o Alva, ano a ano, foi perdendo os atractivos que o definiam como um verdadeiro chamariz.
A este propósito, pela sua pertinência, trazemos ao Miradouro alguns excertos de um artigo publicado no “Princesa do Alva”, da autoria do Dr. Fernando Castanheira, que assina, como é seu habitual, com o pseudónimo de Fonseca e Sousa.
Recordamos a imagem do Rio quando brilhavam as pedras de um fundo límpido e refulgiam os dorsos doirados dos lânguidos peixes expostos a uma sol doirado do meio-dia.”
“É urgente devolver à Raiva, onde ele se espraia no meio do Mondego, a raiva surda e sincera que nos invade neste simples olhar.”
“Que raio de geração é a nossa que não consegue deixar aos filhos uma natureza que lhes foi oferecida em estado puro, estreme, parte integrante da felicidade?
Arregacem-se as mangas, meus senhores, para um trabalho de recuperação.
Apliquem-se as coimas e as penalizações previstas para os assassinos da natureza.
Estudem-se as possibilidades de intervenção /…/ Falem, estudem, a nível das municipalidades interessadas, com a presença dos órgãos da administração pública descentralizada e desconcentrada da região.
Por favor, devolvam o rio à população – e também à sua fauna riquíssima.”
“E quanto a nós, simples cidadãos, é urgente que gritemos a plenos pulmões pela aplicação da justiça aos assassinos da natureza e pela reposição do rio ALVA.”