Aqui há uns anos, e não são mais do que meia dúzia, quem de fora se dispusesse a analisar a comunidade vilacovense, não deixaria de a caracterizar por um certo amorfismo e até anomia, no entendimento que esta expressão tem em interpretação sociológica.
Prenunciava-se até uma certa irreversibilidade deste estado anímico. Mas, por vontades reagentes, muito se alterou.
Basta para tanto que se revejam situações vividas.
A Santa Casa de Misericórdia, por exemplo, de falência técnica comprovada, com o encerramento já oficioso das valências de apoio social, renasceu e hoje espelha pujança e sustentabilidade, que lhe perspectivam segurança no futuro.
A Filarmónica Flor do Alva, que chegou a atingir um processo de definhamento, revigorou-se e tem actualmente uma dinâmica que está patente no número de jovens que atraiu.
O próprio “Vilacovense”, ainda recentemente em crise de resultados desportivos, é hoje campeão de “futebol de sete” e uma das melhores equipas do concelho em “onze”.
Neste rol institucional resta a componente autárquica. Mas aí é que a “porca já torce o rabo”. O divisionismo partidário impede o ambiente propício ao ganho de resultados.
O problema não está, obviamente, na essência dos partidos, em termos de conceito. O problema, na prática, está sim no total alheamento do que emana ideologicamente dos partidos.
Os partidos, e não há excepções, tornam-se, assim, meros agregados de interesses pessoais e oportunistas.
Deste modo, perde o colectivo, perde a comunidade. É pena…
Nuno Espinal