Era o sino da aldeia. Recordo-lhe as funções. Anunciava cultos, tristezas e alegrias, badalava horas, toadas das trindades, verdadeiros hinos na rusticidade dos tempos.
Depois, para sempre, calou-se.
Claro, outros são os tempos. Ao toque acústico impõe-se a sineta tecnológica, os altifalantes.
Entretanto, já não tardam as horas do novo ano. Via “tv” para muitos. Panelas que batem, vozes, foguetes, barulho.
"Um Novo Ano de Saúde e Paz", diziam meus avós nos tempos do velho sino.
"Saúde e Paz", há quem continue a dizer. Só que mal os oiço. O mundo, hoje, é mais ruído.
Nuno Espinal