publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 27 Setembro , 2011, 18:56

 

Do excerto de uma entrevista, retirada do Diário das Beiras de 24 de Setembro, ao Dr. Duarte Nuno Vieira, presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal:

 

Ultimamente ouve-se falar muito em mortes por violência doméstica…

Tenho dúvidas sobre se haverá mais casos de violência doméstica ou será esta que, felizmente, adquiriu uma visibilidade e ganhou consciencialização que não existia no passado. /…/ fala-se muito da violência sobre a mulher e a criança, mas pouco da violência sobre idosos. Ora eu tenho a nítida perceção de que a violência sobre o idoso tem uma prevalência que não é menor do que a violência sobre o menor. A situação, felizmente, tem vindo a mudar e espero que mude ainda mais e que se passe a dar atenção às áreas que continuam a permanecer um pouco mais esquecidas e que são igualmente preocupantes.

Está a falar da violência sobre o idoso?

Sim. E falarmos sobre isso, desenvolvermos a abordagem desta problemática, é protegermos o nosso próprio futuro.

Os abusadores são, na maioria, a família…

No caso dos idosos são-no indiscutivelmente. Frequentemente são os familiares e, muitas vezes, os próprios filhos. Mas há que pensar que a própria sociedade tem aqui responsabilidades: repare o que é para um casal com trinta ou quarenta anos ter um idoso acamado. Isso pode ser uma fonte permanente de angústia e preocupação, impedindo-os, nomeadamente, de levarem uma vida social normal para as suas idades. E o problema é que a sociedade não proporciona no apoio aos idosos o mesmo tipo de direitos e regalias que proporciona no apoio às crianças. O estado não tem estruturas de acolhimento suficientes para o apoio a idosos. Mais: quem tem uma criança tem direito a horários especiais. Um idoso acamado pode dar mais trabalho do que uma criança e a lei não contempla qualquer horário especial para quem tenha um idoso acamado em casa. Se tiver que lhe ir mudar as fraldas, se tiver que ir a casa para lhe dar a refeição, o Estado não proporciona nenhum tipo de apoio ou facilidades em termos de horários de trabalho. É mais uma prova de que continua a esquecer o problema dos idosos. A certa altura isto começa a ser saturante e, às vezes, o agente da agressão é ele próprio também vítima da situação. É por isto que nestas situações não se pode apenas pensar em penalizar. É certo que nada justifica a violência sobre o idoso, mas há que pensar que muitas vezes o próprio agente está sujeito a um stress intenso e as pessoas não são de ferro.


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