Ontem, na Igreja do Convento, senti espírito de Natal. Porque houve dádiva. Houve dádiva de todos os jovens que, como tantas vezes o têm feito, se entregaram, como intérpretes musicais, a proporcionar-nos momentos de prazer nas diversificadas melodias de Natal que fizeram ouvir, tanto na filarmónica, como no grupo de “sopro”. (Um abraço ao Sr. Artur Fonseca, um dos mais jovens de entre todos). Houve dádiva do jovem Dr. Artur Miguel Fonseca, que se dispôs à apresentação de todo o espectáculo. E que bem que o fez! Houve dádiva no encantamento do grupo de crianças que compõem o Coro Infantil, dirigidas pela entrega e espírito solidário da Liliana Lourenço e da Dora Leitão. Houve dádiva da ainda tão jovem Matilde Martinho, que constituiu o momento mais alto da tarde ao surpreender-nos, com uma voz afinadíssima e tão suave, com a “Avé Maria de Gounod”. Eu repito: A Avé Maria de Gounod, uma famosa peça do repertório da Música Clássica ou Erudita, interpretada por uma jovem vilacovense, no canto, e pela nossa filarmónica Flor do Alva. Houve dádiva no comovente gesto de uma mãe, a mãe da Matilde, na tão simples, mas de tão alto significado, entrega de um ramo de flores a uma filha de que tanto se deve orgulhar. Houve dádiva de todos aqueles jovens vindos de Seia, que se deram ao convívio e à colaboração nesta Festa. Houve dádiva das Filarmónicas de Loriga e S. Romão que não se negaram a ceder instrumental, que tão valioso foi neste concerto. Houve dádiva de um Maestro, que será sempre um Homem dos de “H” muito grande, que uma vez mais presenteou toda uma comunidade com um trabalho que honra e deve envaidecer de orgulho toda a nossa comunidade. A comunidade vilacovense! Obrigado Maestro António Simões.
Sabe Maestro? Aquilo que ontem aconteceu em Vila Cova é “Cultura à Séria”, é “Cultura Viva” é cultura a que poderemos, um tanto sofisticadamente, chamar “Pró-Activa”. Tenho a certeza de que comunga a minha opinião.
Quanto um Senhor Presidente da República, um Senhor Primeiro Ministro, uma Senhora Ministra da Cultura, ou um qualquer Presidente de Câmara, não teriam aprendido com o concerto de ontem em Vila Cova. Porque é com esta cultura de base que poderemos um dia aspirar a sermos um país de gente razoavelmente culta. Gente culta, gente solidária, gente com o tal “espírito de natal”. Obrigado Flor do Alva! Foi linda, muito linda a Festa!
Nuno Espinal