Chamavam-lhe o “ti” Zé da Laura. Dele muito pouco sei. Apenas uma muito breve história que se encaixa, na perfeição, nesta foto, em que o nosso “ti” Zé surge na sua farda de militar, antes da sua incorporação no corpo expedicionário que iria combater em França, na Grande Guerra Mundial de 1914-1918.
O nosso militar foi um dos vilacovenses que aquela guerra apanhou nos seus vinte anos de idade ou pouco mais. Terá partido para França, integrado num contingente militar, em 1916 ou talvez 1917. Entretanto por lá andou, em frentes de combate, até que um dia a notícia chegava brutal a Vila Cova, dando-o como falecido em combate. A família chorou-lhe a morte e cobriu-se de luto.
Veio o armistício proposto pelos aliados e aceite pela Alemanha em 11 de Novembro de 1918.
Em Janeiro de 19, os familiares do soldado Zé aqueciam-se, já noite, na lareira da sua casa da Rua do Outeiro. De repente alguém abre a porta. “Não podia ser. O quê, ele o Zé? Ah, não, era por certo alma do outro mundo”. Fugiram espavoridos, e só momentos depois e ainda a muito custo acabariam por, já recompostos, aceitar a realidade. Era de facto o Zé, bem vivinho, ainda que morto, isso sim, de fome e sede.
Afinal tinha sido feito prisioneiro e, já desaparecido, foi dado como morto.
Nuno Espinal