publicado por Miradouro de Vila Cova | Quarta-feira, 29 Outubro , 2008, 23:50

Numa das minhas idas diárias ao Miradouro, sempre na expectativa de novas e histórias, dei comigo a revisitar os acontecimentos do III Capítulo da Confraria do Bucho. E, claro, uma olhadela às fotografias (a uma ou a outra mais demoradamente) que ilustraram essa jornada, onde alguns amigos, das mágicas férias grandes em Vila Cova, estavam presentes. Missão cumprida e, não havendo nada de novo, vou directo ao meu correio electrónico. Logo me chama a atenção a correspondência de um amigo de longa data cujo título, “canções do nosso tempo”, me despertou de imediato os sentidos. Aberto o ”mail”, eis que me surge uma música da Françoise Hardy, “tous les garçons et les filles…”, que me transporta novamente ao Miradouro e às fotografias do III Capítulo. É que, numa dessas fotos, está a protagonista de uma das minhas mais intensas paixões de adolescente e da qual faz parte a canção já referida.
 
“tous les garçons et les filles de mon âge
 se promènent dans la rue deux par deux.
                                                               ………………………………………………………………..
Et les yeux dans les yeux
Et la main dans la main…etc., etc.”
 
Canção que trauteávamos de mãos entrelaçadas, olhos nos olhos, em juras e promessas de amor incontidos, numa intensa vivência que as paixões dos nossos verdes anos da década de sessenta provocavam.
Gravei o nome da minha amada em muitas das árvores que orlavam os locais míticos que nos serviam de porto de abrigo. Na Mata do Convento, no Rio, nas Tílias, nas Mimosas sobranceiras à fonte dos passarinhos, etc., etc… Algumas dessas árvores já não existem. Outras, pelo passar dos anos, já absorveram essas inscrições. Ainda há um local onde o seu nome continua gravado. Mas esse, não o revelo.
E não me envergonho de dizer que essa eleita do meu coração, foi uma das poucas mulheres por quem chorei, no silêncio do meu quarto, após a sua partida. Inevitavelmente, o fim das férias levava quase sempre a afastamentos prolongados, na pior das hipóteses, até às férias grandes seguintes. Neste caso, por força de circunstâncias próprias da vida, o afastamento durou alguns anos, bastantes. Reencontrámo-nos, já avós, orgulhosos cada um das suas proles, o ano passado, no almoço de alguma da rapaziada daquela época.
Reencontro memorável, não só pela marcada recordação da nossa juventude, que vivemos generosa e intensamente, mas também porque, pela condição dos anitos que passaram, lhe soubemos imprimir uma ternura muito própria.
São histórias da vida que podiam acontecer em muitas e variadas aldeias. Mas esta foi em Vila Cova do Alva.
Acabo, em jeito de homenagem a todos os queridos amigos e amigas desses tempos, com alguns versos da canção da Françoise Hardy…
 
Tous les garçons et les filles de mon age
Savent bien ce que c’est d’être heureux…
 
Um abraço do vosso
Quim

 


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