Por esta altura, nos anos 50, 60 e 70, o Alva enxameava-se de veraneantes, em especial nos finais de tarde, cobrindo ou o Salgueiral, ou o Porto de Avô, de garridice, cor e galhofa.
A “Praia Fluvial” daqueles tempos, longe do conceito que hoje se lhe atribui, organizava-se como de geração espontânea, e, comparativamente às de hoje, nunca era questionada pela qualidade das águas do Alva.
As trocas de roupa, (e os tempos impunham outros pudores e outros recatos), recorriam a artifícios que hoje, no mínimo, são divertidos. No Salgueiral, por exemplo, era no curral, abrigo de bois, que eram enfiados e desenfiados calções, fatos de banho e biquínis, senhoras agora, homens depois, cada grupo de género à sua vez, em quase escuridão, com tacteio das peças de vestuário, a provocar, como se imagina, inevitáveis trocas. Eu, por exemplo, despistado por natureza e feitio, era pródigo em vestir cuecas de outros. Pudera, é que o curral era mesmo um negrume. E claro, cheguei mesmo a pisar bosta de boi. Coisa que a água do rio não resolvesse de imediato.
Mas, cada um faça a associação que entender. Curiosamente nunca padeci de maleita, qualquer que fosse, dos pés. Nem um único calo tive até hoje!...
Nuno Espinal