A Sociedade, a nível mundial, tem sido direcionada a uma Sociedade tendencialmente unificada, por força da mundialização dos capitais, dos mercados financeiros, das comunicações, dos transportes, das empresas, do consumo, da cultura, da educação.
Factos mundanos há, e para não expor outros que pela sua complexidade impunham a extensão deste texto, que evidenciam esta mundialização.
Veja-se na “moda” o uso da juventude, em todo o Mundo, das calças rotas ou dos fatinhos apertados que destoam de uma aparência elegante e confortável.
Veja-se, em exemplo que todos apreendem, a influência das telenovelas brasileiras, quando, entre muitos outros exemplos, a palavra “bicha”, com significado pejorativo no Brasil, tem sido substituída, no falar corrente, em Portugal, pela palavra “fila”.
Mitigado o poder decisório do cidadão, já que a sua vontade é burilada pela Globalização, há um individualismo que lhe emerge e que raia o próprio egoísmo e até, em alguns, posturas de anomia.
Nestas condições, a sociedade, ou as várias sociedades, nos extratos em que existem, enfraquecem-se nas suas agregações, tornando-se débeis e pouco eficazes nas suas expetativas funcionais.
As próprias relações entre indivíduos tornam-se mais difíceis, desconfiadas, incertas e violentas em alguns casos.
Atente-se à comunidade vilacovense nos dias de hoje.
Quão diferente, nos seus relacionamentos interpessoais, da comunidade de há uns anos.
As pessoas enfiam-se nos seus casulos, defendendo o seu quinhão material e a preocuparem-se não mais do que com o seu reduto familiar e este restrito ao um núcleo de pais/filhos, estes últimos em idade não adulta.
Perdeu-se a noção de Sociedade, defensora dos interesses coletivos da Comunidade.
Há que reverter esta tendência e caminhar para a implantação de uma “Boa Sociedade”, conforme expressão feliz do sociólogo Riccardo Petrella.
“Boa Sociedade” fundada nos princípios da justiça social, com especial destaque para os princípios da cidadania e da solidariedade.
Dir-se-á que, no estado atual de pandemia, a ideologia que desponta deste texto tem pouca acuidade.
Preconiza-se, por questões sanitárias, a distância social e até o afastamento social.
Mas, a pandemia é tão só um parêntese neste continuum que é prenúncio de uma Sociedade em crescente anemia.
Contudo, há que ter em consideração que nada é eterno e imutável no decurso da História.
Homens e mulheres serão capazes de refletir de modo a alterar a realidade com que nos deparamos no Mundo de hoje.
O nosso próprio destino, na construção da tal “Boa Sociedade” é da nossa exclusiva competência.
Se não conseguirmos dar o salto em direção a um Mundo diferente bem podemos temer o futuro que nos aguarda.
Nuno Espinal