publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 30 Julho , 2020, 00:27

 

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1.4 – Forais


A primeira fonte segura que refere Vila Cova é o documento que indica a atribuição de foral dado pelo Bispo de Coimbra, D. Estêvão Anes Brochado, entre os anos 1302 e 1314. Este foral é confirmado por Dom João Galvão Bispo de Coimbra a 14 de Janeiro de 1471 e confirmada de novo por Dom Manuel I, em 22 de Setembro de 1514.
Em 1527, no cadastro da População ordenado por D. João III, Vila Cova possuía 89 fogos.
Em 1708, segundo se lê na Chorographia Portugueza, Vila Cova era vila e concelho da Comarca de Viseu, provedoria da Guarda e priorado com 250 fogos, pertencente à diocese de Coimbra, cujos bispos eram donatários deste concelho, por ser parte integrante do condado de Arganil.
Vila Cova foi sede de Concelho, com priorado, sendo donatários os bispos de Coimbra e condes de Arganil, já que Vila Cova pertencia a este Condado. Tinha 1 juiz ordinário, 2 vereadores, 1 procurador do concelho, 1 escrivão da Câmara, 3 do judicial, notas e órfãos e uma companhia de ordenanças. O concelho foi extinto em 1836.

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2 – Vila Cova sob o aspeto religioso

 

2.1 – O Convento de Santo António


A construção do convento de Santo António, no início do século XVIII, exerceu benéfica influência religiosa em toda a freguesia.
Em 1721 o prior Ferreira dos Santos padre de Vila Cova, no documento já citado, informa que por volta de 1710 vieram para esta vila alguns religiosos da ordem de Santo António também chamados de frades Capuchos, para umas casas vagas que provisoriamente lhes serviram de hospício enquanto esmolavam para realizar a obra de edificação de um convento a que deram inicio em 1713, aproveitando o terreno do cazoirado que lhes tinha sido doado.
Vila Cova, reclinada sobre um fundo de milheirais, espreitada por vinhas que descem das varandas de avô em socalcos; rodeada de colinas arborizadas e semeada de povoações era pois uma Vila que apresentava algum desenvolvimento económico e social, que chegou a ser denominada como Vila Cova “dos frades” com a chegada destes e o início da construção do mosteiro.
Os frades encontraram no Senhor Manuel Faria Neto e em sua esposa, D. Maria da Costa dos Garcias os seus mais valiosos auxiliares abaixo do bispo D. António de Vasconcelos e Sousa  que lhes obteve todo o terreno preciso, boa cerca e mata abundante de água. Os Osórios Cabrais, os avoengos dos Condes da Guarda, os Brites de Faria, de Vila Cova e Vinhó e muitas outras famílias de Anceriz, do Barril do Alva, de Avô, do Goulinho de Pomares e povos da serra contribuíram para as obras do convento. No ano de 1713 já as obras do convento estavam muito adiantadas. Nesse ano veio a Vila Cova o bispo da diocese de Coimbra Dom António de Vasconcelos e Sousa lançar a primeira pedra para a Igreja do convento.
Mas é D. Luís da Costa Faria filho de Manuel Faria Neto e de D. Maria da Costa dos Garcias, casal que desde a sua chegada apoiou os frades antoninos, moço fidalgo da casa real, desembargador do Paço e Governador da Índia que deu novo impulso às obras, disponibilizando avultadas quantias, madeiras e outros materiais a fim de apressar a construção do convento, para onde foi viver até à sua morte em 24 de Abril de 1730 tendo sido sepultado na Igreja do Convento, junto ao altar de S. Francisco.
Os frades habitaram o convento durante cerca de 120 anos. Com a revolução Liberal e o fim das ordens monásticas o convento foi encerrado e vendido a D. José Cupertino da Fonseca e Brito que o deixou a seu filho Padre Alexandre Cupertino Castelo Branco, em 1866. O padre Alexandre Cupertino Castelo Branco foi o seu reformador abrindo janelas amplas e transformando as celas em quartos e salas, construindo junto ao local da antiga enfermaria uma casa nova estilo nórdico e colocando em todo o edifício telhado novo. A morte não o deixou completar a obra. Por não ter filhos deixou todos os seus bens a seus primos Bernardo de Figueiredo Ferrão Freire e Conselheiro Albino d’Abranches Freire de Figueiredo, sendo este a terminar as obras iniciadas.
A construção da estrada a macdame atravessou os quintais da casa da praça. Os terrenos que ficaram da parte de baixo foram vendidos, os de cima foram anexados ao convento levando à construção de uma nova entrada para o convento construída pelo novo proprietário Bernardo d’Abranches Freire Figueiredo, filho do anterior proprietário que faleceu em 1912.

 

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2.2 – As Irmandades

 


Segundo os documentos disponíveis, o período em que a vida religiosa de Vila Cova atingiu maior esplendor vai do século XV ao século XVIII.
A informação do Prior Ferreira dos Santos de 1721 refere que naquela data havia em toda a freguesia 9 Ermidas e que “pelo rol de confessados da Quaresma deste presente anno, tem esta freguesia cento e noventa e seis fogos e seiscentos e setenta e seis pessoas de sacramento entre maiores e menores.”
Os paramentos e alfaias religiosas existentes, provam que todo o século XVII foi de grande esplendor na vida religiosa em Vila Cova. Na primeira metade do século XVIII havia em Vila Cova quatro Irmandades.

 

2.2.1 – Irmandade do Santíssimo


Segundo um documento que pensamos ser da autoria do padre Januário Lourenço dos Santos, existiria ainda no arquivo da Paróquia de Vila Cova um exemplar dos Estatutos da Irmandade do Santíssimo mandado imprimir pelo então bispo de Coimbra D. Jorge de Almeida eleito em 1481, onde se pode ler: “Sumário das Graças e indulgências e faculdades concedidas pelo Santo Padre o Papa Paulo Terceiro à confraria do Santíssimo Sacramento para todo o bispado de Coimbra” (ortografia actualizada). No final deste sumário diz que “Ho presente sumário foy impresso em Coymbra por mandado do Senhor Dom Jorge Dalmeyda, bispo do dito Bispado…”.
Podemos, pois, concluir que no sec. XV existia nesta freguesia uma Irmandade do Santíssimo regida pela disposição do Papa Paulo III. Na introdução ao referido “Sumário – Estatutos, diz-se: “O nosso muy santo padre ho papa Paulo Terceyro consirando a presença de Deos todo poderoso que está ante nos em ho Santíssimo Sacramento: pêra provocar que ho tenha em muyta reverência os fieis Christãos: quando se leva aos enfermos vaa muyto acôpanhado e reverenciado como a tam alto sacramento se requere ordenou esta Sacta Confraria e Irmandade ….”

 


Festividades Religiosas

 

2.2.2 – Irmandade de S. Sebastião


No final do sec. XVI havia em Vila Cova grande devoção ao Mártir São Sebastião, bem como aos santos Martins Abdor e Seneu, vitimas das perseguições do imperador de Roma Déciono no século III.
Em 1598, o Papa Clemente VIII, por uma bula instituiu a Irmandade de São Sebastião à qual concede muitas graças e privilégios. Esta Irmandade foi muito florescente.
Em 1614, nova bula do papa Paulo V concede novas graças e privilégios passando a Irmandade S. Sebastião a designar-se por Irmandade de S: Sebastião e Santos Mártires Abdon e Seneu. A grande devoção aos santos Mártires Abdon e Seneu consta, segundo informação existente nos arquivos da Biblioteca Municipal Miguel Torga, de documentos autênticos arquivados na paróquia de Vila Cova.
Segundo as fontes, o Desembargador do Arcebispo D. Jorge de Almeida, Doutor Francisco de Campos, natural de Vila Cova, falecido em 1608, deixa, no seu testamento a Vila Cova umas relíquias dos referidos mártires e de outros santos: – “Eu tenho hu cofre de veludo carmesim de ferragem dourada que esta a minha cabiseira em q estam Relíquias dos bemabenturados Mártires Abdon e Senen com outras de outros Santos com seus litreiros, as quais Relíquias, deixo a Vila Cova minha Patrea no bispado de Coimbra por especial devasam que tem aos ditos Santos e com ellas lhe deixo cem cruzados pera se lhe fazer hu sacrário pera elas e se festejar seu recebimento …”
Como houvera as referidas relíquias o Dr. Francisco de Campos? Isso consta do processo de autenticação daquelas relíquias a que se procedeu por ordem do então Bispo de Coimbra Dom Afonso de Castelo Branco. Depuseram algumas testemunhas e segundo o depoimento de uma delas, um certo Ynácio de Campos que disse ser primo do irmão do referido Doutor Francisco de Campos e declarou mais que “ellas (as referidas relíquias) foram do arcebispo Dom Jorge Dalmeida e que ficaram por morte do dito Arcebispo a huma Donna Anna sua irmã e ella as dera ao dito doctor por ser seu confessor e lhe disse algumas vezes missa na sua capella e assi por lhe dizer q as não podia ter tam veneradas como devia e outro sopor si por o dito doctor Francisco de Campos ser Desembargador do Arcebispo…”. João Nunes morador em Vila Cova , na sua qualidade de procurador da câmara foi quem se encarregou de transportar  e de entregar as relíquias a Vila Cova.
Depois do Inquérito a que aludimos, o Bispo de Coimbra declarou autenticas as referidas relíquias por um documento de Dom Afonso de Castelo Branco, conde de Arganil.

 

2.2.3 – Irmandade das Almas

 


Segundo a informação que consta no documento da Reforma dos Estatutos da Irmandade da Misericórdia, a Irmandade das Almas foi instituída na Igreja Matriz de Vila Cova a 4 de Março de 1723 e” foi dotada pelo Desembargador Luiz da Costa Faria  por escritura feita em dezanove de Março do dito ano de 1723 com a quantia de quatro mil cruzados para serem postos a juro e além disto doto-a mais com um legado de 40 000 reis anuais, imposto em um vinculo que instituiu nos bens que tinha em Alvarelhos d’Oliveira do Conde ….”

 

2.2.4 – Irmandade da Misericórdia.


Não temos conhecimento da data exata em que foi criada, mas sabe-se que em 1755 já existia.
Segundo a noticia histórica da Instituição da Irmandade da Misericórdia e reforma dos estatutos de 31 de Maio de 1888 diz-nos que: “em 1 de Março de 1755 reuniram-se na Igreja Matriz as Mesas e Irmãos da Irmandade da Misericórdia e os da dita Irmandade das Almas e expondo a Mesa da Misericórdia razões pelas quais se não podiam sustentar quatro Irmandades, que então existiam nesta Vila, deliberaram todos que a Irmandade das Almas se unisse à da Misericórdia e formando uma só e tomando por seu Patrono o Senhor das Misericórdias e reformaram logo os seus estatutos.”
A Irmandade da Misericórdia é a única que subsiste, estando associada à Santa Casa da Misericórdia de Vila Cova do Alva.

 

(continua)

 

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