publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 31 Julho , 2020, 09:03

3 – Monumentos


3.1- Religiosos

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3.1.1 – Igreja Paroquial / Igreja matriz


É dedicada a Nossa Senhora da Natividade. A fachada é datada de 1712. Era então prior de Vila Cova o Padre Bartolomeu Gonçalves que se empenhou junto dos filhos de Vila Cova que foram para Olinda à procura do tão ambicionado ouro brasileiro e, entre eles, arranjou dinheiro para a reconstrução da Igreja matriz, obras que terminaram em 1712 à custa do estado. Frei Dionísio da Costa Garcia, era muito bem visto no paço do rei. O irmão deste frade, também frade, Frei Manuel do Nascimento foi para Olinda e foi o iniciador do peditório ali.  Sabe-se, no entanto, que as obras tiveram também o grande apoio de Luís da Costa Faria.
Tem duas capelas interiores – uma a direita consagrada a descida di espírito santo, a da esquerda apresenta no altar uma imagem da senhora da piedade com Cristo no regaço, em pedra de anca, manuelina, do principio do século XVI.
O portal, de vão retangular, acompanhado de pilastras com remate em forma de nicho que alberga uma imagem da virgem com o menino.
O interior é amplo com duas capelas que se abrem na nave sendo uma delas consagrada ao Espírito Santo. Os tetos são apainelados em caixotões decorados com motivos setecentistas, na capela-mor e de cenas hagiográficas no corpo.
Os cinco retábulos existentes na Igreja são da primeira metade do século XVIII. São em madeira dourada com colunas torcidas e com pâmpanos. O principal é mais ostentoso alberga a imagem da padroeira, nossa senhora da natividade.

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3.1.2 – Capela da Misericórdia


Situada na praça do pelourinho, com frontaria barroca, muito interessante, do século XVIII. Compõem-na duas zonas: uma quadrangular enquadrando o portal e a segunda ornamentada com um frontão interrompido onde se acomoda um alto nicho com uma escultura da virgem com o menino dos séculos XV-XVI.
O portal, de pilastras molduradas e ladeadas de aletas, tem um pequeno frontão interrompido com outros arranjos que emolduram um óculo quadrilobado.

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3.1.3 – A Igreja do Convento


A Igreja do Convento segue o tipo comum dos templos da ordem. A planta é cruciforme. O coro conserva o cadeiral de castanho, de espaldares apainelados com 24 cadeiras distribuídas por duas ordens.
Os retábulos são em talha magnificamente trabalhada sendo, bem como as esculturas que aqui se encontram, do início do século XVIII.
Possui ainda um órgão com elementos Rococó.

 

(continua)

 

publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 30 Julho , 2020, 00:27

 

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1.4 – Forais


A primeira fonte segura que refere Vila Cova é o documento que indica a atribuição de foral dado pelo Bispo de Coimbra, D. Estêvão Anes Brochado, entre os anos 1302 e 1314. Este foral é confirmado por Dom João Galvão Bispo de Coimbra a 14 de Janeiro de 1471 e confirmada de novo por Dom Manuel I, em 22 de Setembro de 1514.
Em 1527, no cadastro da População ordenado por D. João III, Vila Cova possuía 89 fogos.
Em 1708, segundo se lê na Chorographia Portugueza, Vila Cova era vila e concelho da Comarca de Viseu, provedoria da Guarda e priorado com 250 fogos, pertencente à diocese de Coimbra, cujos bispos eram donatários deste concelho, por ser parte integrante do condado de Arganil.
Vila Cova foi sede de Concelho, com priorado, sendo donatários os bispos de Coimbra e condes de Arganil, já que Vila Cova pertencia a este Condado. Tinha 1 juiz ordinário, 2 vereadores, 1 procurador do concelho, 1 escrivão da Câmara, 3 do judicial, notas e órfãos e uma companhia de ordenanças. O concelho foi extinto em 1836.

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2 – Vila Cova sob o aspeto religioso

 

2.1 – O Convento de Santo António


A construção do convento de Santo António, no início do século XVIII, exerceu benéfica influência religiosa em toda a freguesia.
Em 1721 o prior Ferreira dos Santos padre de Vila Cova, no documento já citado, informa que por volta de 1710 vieram para esta vila alguns religiosos da ordem de Santo António também chamados de frades Capuchos, para umas casas vagas que provisoriamente lhes serviram de hospício enquanto esmolavam para realizar a obra de edificação de um convento a que deram inicio em 1713, aproveitando o terreno do cazoirado que lhes tinha sido doado.
Vila Cova, reclinada sobre um fundo de milheirais, espreitada por vinhas que descem das varandas de avô em socalcos; rodeada de colinas arborizadas e semeada de povoações era pois uma Vila que apresentava algum desenvolvimento económico e social, que chegou a ser denominada como Vila Cova “dos frades” com a chegada destes e o início da construção do mosteiro.
Os frades encontraram no Senhor Manuel Faria Neto e em sua esposa, D. Maria da Costa dos Garcias os seus mais valiosos auxiliares abaixo do bispo D. António de Vasconcelos e Sousa  que lhes obteve todo o terreno preciso, boa cerca e mata abundante de água. Os Osórios Cabrais, os avoengos dos Condes da Guarda, os Brites de Faria, de Vila Cova e Vinhó e muitas outras famílias de Anceriz, do Barril do Alva, de Avô, do Goulinho de Pomares e povos da serra contribuíram para as obras do convento. No ano de 1713 já as obras do convento estavam muito adiantadas. Nesse ano veio a Vila Cova o bispo da diocese de Coimbra Dom António de Vasconcelos e Sousa lançar a primeira pedra para a Igreja do convento.
Mas é D. Luís da Costa Faria filho de Manuel Faria Neto e de D. Maria da Costa dos Garcias, casal que desde a sua chegada apoiou os frades antoninos, moço fidalgo da casa real, desembargador do Paço e Governador da Índia que deu novo impulso às obras, disponibilizando avultadas quantias, madeiras e outros materiais a fim de apressar a construção do convento, para onde foi viver até à sua morte em 24 de Abril de 1730 tendo sido sepultado na Igreja do Convento, junto ao altar de S. Francisco.
Os frades habitaram o convento durante cerca de 120 anos. Com a revolução Liberal e o fim das ordens monásticas o convento foi encerrado e vendido a D. José Cupertino da Fonseca e Brito que o deixou a seu filho Padre Alexandre Cupertino Castelo Branco, em 1866. O padre Alexandre Cupertino Castelo Branco foi o seu reformador abrindo janelas amplas e transformando as celas em quartos e salas, construindo junto ao local da antiga enfermaria uma casa nova estilo nórdico e colocando em todo o edifício telhado novo. A morte não o deixou completar a obra. Por não ter filhos deixou todos os seus bens a seus primos Bernardo de Figueiredo Ferrão Freire e Conselheiro Albino d’Abranches Freire de Figueiredo, sendo este a terminar as obras iniciadas.
A construção da estrada a macdame atravessou os quintais da casa da praça. Os terrenos que ficaram da parte de baixo foram vendidos, os de cima foram anexados ao convento levando à construção de uma nova entrada para o convento construída pelo novo proprietário Bernardo d’Abranches Freire Figueiredo, filho do anterior proprietário que faleceu em 1912.

 

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2.2 – As Irmandades

 


Segundo os documentos disponíveis, o período em que a vida religiosa de Vila Cova atingiu maior esplendor vai do século XV ao século XVIII.
A informação do Prior Ferreira dos Santos de 1721 refere que naquela data havia em toda a freguesia 9 Ermidas e que “pelo rol de confessados da Quaresma deste presente anno, tem esta freguesia cento e noventa e seis fogos e seiscentos e setenta e seis pessoas de sacramento entre maiores e menores.”
Os paramentos e alfaias religiosas existentes, provam que todo o século XVII foi de grande esplendor na vida religiosa em Vila Cova. Na primeira metade do século XVIII havia em Vila Cova quatro Irmandades.

 

2.2.1 – Irmandade do Santíssimo


Segundo um documento que pensamos ser da autoria do padre Januário Lourenço dos Santos, existiria ainda no arquivo da Paróquia de Vila Cova um exemplar dos Estatutos da Irmandade do Santíssimo mandado imprimir pelo então bispo de Coimbra D. Jorge de Almeida eleito em 1481, onde se pode ler: “Sumário das Graças e indulgências e faculdades concedidas pelo Santo Padre o Papa Paulo Terceiro à confraria do Santíssimo Sacramento para todo o bispado de Coimbra” (ortografia actualizada). No final deste sumário diz que “Ho presente sumário foy impresso em Coymbra por mandado do Senhor Dom Jorge Dalmeyda, bispo do dito Bispado…”.
Podemos, pois, concluir que no sec. XV existia nesta freguesia uma Irmandade do Santíssimo regida pela disposição do Papa Paulo III. Na introdução ao referido “Sumário – Estatutos, diz-se: “O nosso muy santo padre ho papa Paulo Terceyro consirando a presença de Deos todo poderoso que está ante nos em ho Santíssimo Sacramento: pêra provocar que ho tenha em muyta reverência os fieis Christãos: quando se leva aos enfermos vaa muyto acôpanhado e reverenciado como a tam alto sacramento se requere ordenou esta Sacta Confraria e Irmandade ….”

 


Festividades Religiosas

 

2.2.2 – Irmandade de S. Sebastião


No final do sec. XVI havia em Vila Cova grande devoção ao Mártir São Sebastião, bem como aos santos Martins Abdor e Seneu, vitimas das perseguições do imperador de Roma Déciono no século III.
Em 1598, o Papa Clemente VIII, por uma bula instituiu a Irmandade de São Sebastião à qual concede muitas graças e privilégios. Esta Irmandade foi muito florescente.
Em 1614, nova bula do papa Paulo V concede novas graças e privilégios passando a Irmandade S. Sebastião a designar-se por Irmandade de S: Sebastião e Santos Mártires Abdon e Seneu. A grande devoção aos santos Mártires Abdon e Seneu consta, segundo informação existente nos arquivos da Biblioteca Municipal Miguel Torga, de documentos autênticos arquivados na paróquia de Vila Cova.
Segundo as fontes, o Desembargador do Arcebispo D. Jorge de Almeida, Doutor Francisco de Campos, natural de Vila Cova, falecido em 1608, deixa, no seu testamento a Vila Cova umas relíquias dos referidos mártires e de outros santos: – “Eu tenho hu cofre de veludo carmesim de ferragem dourada que esta a minha cabiseira em q estam Relíquias dos bemabenturados Mártires Abdon e Senen com outras de outros Santos com seus litreiros, as quais Relíquias, deixo a Vila Cova minha Patrea no bispado de Coimbra por especial devasam que tem aos ditos Santos e com ellas lhe deixo cem cruzados pera se lhe fazer hu sacrário pera elas e se festejar seu recebimento …”
Como houvera as referidas relíquias o Dr. Francisco de Campos? Isso consta do processo de autenticação daquelas relíquias a que se procedeu por ordem do então Bispo de Coimbra Dom Afonso de Castelo Branco. Depuseram algumas testemunhas e segundo o depoimento de uma delas, um certo Ynácio de Campos que disse ser primo do irmão do referido Doutor Francisco de Campos e declarou mais que “ellas (as referidas relíquias) foram do arcebispo Dom Jorge Dalmeida e que ficaram por morte do dito Arcebispo a huma Donna Anna sua irmã e ella as dera ao dito doctor por ser seu confessor e lhe disse algumas vezes missa na sua capella e assi por lhe dizer q as não podia ter tam veneradas como devia e outro sopor si por o dito doctor Francisco de Campos ser Desembargador do Arcebispo…”. João Nunes morador em Vila Cova , na sua qualidade de procurador da câmara foi quem se encarregou de transportar  e de entregar as relíquias a Vila Cova.
Depois do Inquérito a que aludimos, o Bispo de Coimbra declarou autenticas as referidas relíquias por um documento de Dom Afonso de Castelo Branco, conde de Arganil.

 

2.2.3 – Irmandade das Almas

 


Segundo a informação que consta no documento da Reforma dos Estatutos da Irmandade da Misericórdia, a Irmandade das Almas foi instituída na Igreja Matriz de Vila Cova a 4 de Março de 1723 e” foi dotada pelo Desembargador Luiz da Costa Faria  por escritura feita em dezanove de Março do dito ano de 1723 com a quantia de quatro mil cruzados para serem postos a juro e além disto doto-a mais com um legado de 40 000 reis anuais, imposto em um vinculo que instituiu nos bens que tinha em Alvarelhos d’Oliveira do Conde ….”

 

2.2.4 – Irmandade da Misericórdia.


Não temos conhecimento da data exata em que foi criada, mas sabe-se que em 1755 já existia.
Segundo a noticia histórica da Instituição da Irmandade da Misericórdia e reforma dos estatutos de 31 de Maio de 1888 diz-nos que: “em 1 de Março de 1755 reuniram-se na Igreja Matriz as Mesas e Irmãos da Irmandade da Misericórdia e os da dita Irmandade das Almas e expondo a Mesa da Misericórdia razões pelas quais se não podiam sustentar quatro Irmandades, que então existiam nesta Vila, deliberaram todos que a Irmandade das Almas se unisse à da Misericórdia e formando uma só e tomando por seu Patrono o Senhor das Misericórdias e reformaram logo os seus estatutos.”
A Irmandade da Misericórdia é a única que subsiste, estando associada à Santa Casa da Misericórdia de Vila Cova do Alva.

 

(continua)

 

publicado por Miradouro de Vila Cova | Quarta-feira, 29 Julho , 2020, 03:06

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1.2 – A capela de S. João de Alqueidão


A capela de S. João de Alqueidão situa-se num monte sobranceiro a Vila Cova distando menos de um quilómetro. Desse local avista-se um largo panorama desde as serras do Buçaco, Caramulo e Estrela.

Consultando o livro dos Assentos de Batismo de Vila Cova referentes ao período entre 1530-1633, a seguir ao termo de encerramento do mesmo, encontra-se a seguinte nota: “Em o derradeiro dia de Maio da era de 1633, eu prior Manuel Nunes disse a primeira missa em a capela de Sam João Bautista que mandei fazer.”
Em 1721 a Academia Real da História, recentemente fundada sob a égide de D. João V, pretendendo reunir todos os elementos possíveis sobre cada povoação do Reino, solicita a todos os párocos, que lhe fossem enviados os dados mais relevantes sobre cada paróquia. O prior Ferreira dos Santos padre de Vila Cova, respondeu e referindo-se às hermidas do povo, cita em primeiro lugar a hermida de S. João de Alqueidão “que hê fama vulgar, foi antigamente igreja matris.”

1.3 – Antecedentes da atual capela


Segundo a tradição oral teria existido em tempos remotos, neste local, a Igreja matriz da povoação sob os desígnios de “S. João de Anseriz”, S. João do Cozoirado” (vulgo Mata) e ainda “S.João de Alqueidão”.

Em 1986, o Padre Januário Lourenço dos Santos orientou um programa de escavações com jovens do OTL, tendo posto a descoberto o corpo principal da Igreja que se supõe ser de uma só nave. Mais tarde, o Serviço Regional de Arqueologia do Centro, com subsídio da Câmara Municipal de Arganil, prosseguiu em 1989 as explorações arqueológicas. Como disse a Dra. Teresa Pinto Mendes no discurso de inauguração do novo edifício da Junta de Freguesia de Vila Cova, em 1993, estas últimas parecem confirmar que para além da Igreja teria havido naquele local um povoado importante. Segundo Carlos Gabriel Gonçalves, o antigo templo “Era constituído por uma nave, capela-mor e provavelmente nartex ou recinto que antecedia a entrada principal, destinada aos catecumas e penitentes. Quanto à nave da antiga igreja seria, tudo leva a crer, bastante ampla.

A atual capela foi construída nesta última parte. A entrada para a atual capela é formada por um arco românico com pilastras e capitéis. Da capela-mor resta a base de uma pilastra em granito que ainda não foi removida do local primitivo.
A primitiva igreja fora construída com materiais pobres, pensa-se que terá sido utilizado uma qualidade de xisto pouco duro que existe perto do local, assente em argamassa, mas com terra o que levou à sua rápida degradação. O pavimento era de lousa de xisto que ainda existe, bem como restos de paredes.
Com as escavações ficaram a descoberto as paredes da antiga igreja e os referidos contrafortes. Encontravam-se várias pedras de granito, como uma base de pilastras jónicas, pedras de uma pilastra, algumas cabeceiras e sepulturas visigóticas e fragmentos de cerâmica. Todo o recinto à volta da igreja era cemitério. Fizeram-se várias sondagens e a uma determinada profundidade encontraram-se sepulturas antropomórficas. Os cadáveres eram cobertos com lajes. Nalgumas sepulturas ainda se puderam observar vestígios de ossos-

Na terra que cobria as sepulturas encontraram-se pedaços de cerâmica variada o que mostra que foram removidas várias vezes.

A existência dos vestígios descritos leva a crer num desenvolvimento populacional de uma certa importância.

 

(continua)

 
 

publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 28 Julho , 2020, 00:54

Apresentamos, a partir, de hoje, um conjunto de textos, que foi elaborado pela Câmara Municipal de Arganil, aquando da candidatura de Vila Cova à classificação de “Aldeia de Xisto”, intitulado “Subsídios para a História de Vila Cova”. 

O documento está dividido em vários capítulos que, dada a sua extensão, iremos publicar parcelarmente.

Este conjunto de textos foi-nos enviado por Henrique Gabriel, sempre disposto a colaborar em toda a temática que respeite à sua Vila Cova. Ao Henrique o nosso agradecimento.

 

Nuno Espinal

 

Subsídios para a História de Vila Cova

 

 1 – Origens


Pouco se sabe das origens de Vila Cova do Alva. No entanto, no documento de doação do castelo de Coja e suas terras, ao bispo de Coimbra, por D. Teresa, em 1121, é fixado legalmente o termo de Coja que, aliás, já era antigo. Este termo confrontava com Avô pela vertente de Anseriz até ao Alva e aqui seguia ao cabeço do Cazoirado, seguindo por entre Ázere e Tábua até ao Mondego.

Ora encontramos este nome Cazoirado referindo-se ao lugar onde se encontra hoje a capela de S. João de Alqueidão. Traçando no mapa uma linha que siga o termo de Coja encontramos obrigatoriamente este local. O nome Vila Cova, efetivamente, não aparece referenciada nos documentos mais antigos sobre Coja ou Arganil. Este facto leva-nos a pensar que a povoação não existiria, sendo apenas um ponto de passagem e de vigilância militar.

 

1.1 – Casoirado e Alqueidão


Em Portugal muitas aldeias e montes, nascidos dos Castros, perduraram, nestas e nestes, por muitos anos e o respetivo nome foi-se alterando. Ao longo dos séculos a ocupação destes lugares pelos romanos, visigodos, árabes, cristãos foi-se alternando e os nomes também foram sofrendo as alterações a que a cultura dos povos ocupantes obrigava. Os redutos referidos em alguns documentos como atalajas, seriam pontos de vigia que em tempos conturbados pela guerra serviriam de aviso à aproximação do inimigo. Alqueidão, que significa em árabe passos ou passadas, deve ter sido uma destas atalajas. Situado entre os castelos de Côja e Avô, mandados construir em tempos da reconquista do território aos mouros, nesta zona de avanços e recuos durante séculos, cujo território seria ocupado ora por cristãos, ora por muçulmanos, parece normal que este local tenha desempenhado algum papel importante em tempos de guerra, não como povoamento, mas como ponto de passagem e de apoio a estratégias militares. A existência de uma ponte que atravessa o Alva precisamente na atual Vila Cova faz imaginar a existência de outra mais antiga, como refere Carlos Ydalgo Gomes de Loureiro em documento que ofereceu a seu primo Bernardo de Abranches Freire de Figueiredo e onde escreve: “Embora não se saiba a data da fundação da referida ponte deve-se ter em conta a informação de que quando procediam à sua demolição, em 1790, foi ali encontrada uma ARA romana com inscrições. Esta ARA foi levada para a casa da Câmara. Este facto vem provar que Vila Cova é uma terra antiga, não como povoado, mas como ponto de passagem de muita importância”.

Ora, percorrendo a estrada que passa a ponte, verificamos que ela se encaminha diretamente para a atual capela de S. João de Alqueidão, situada em local que, como vimos, há a possibilidade de ter constituído um ponto de vigilância em tempos de guerra. Por outro lado é óbvio constatar a importância desta ponte que atravessa o Alva e faz a ligação para zonas mais interiores, nomeadamente o Piódão.
Isto leva a crer que logo após a reconquista cristã e criada a paz no reino, Vila Cova se desenvolveu, possivelmente com pessoas que se foram fixando e que, mercê dos esforços na guerra, receberam benefícios reais ou do clero, dando origem a um povoado que depois se estendeu para junto do rio. 

Outro aspeto muito importante é a proximidade da estrada real de Coimbra à Guarda que passava a cerca de 7 Km e que seria um bom eixo de desenvolvimento para Vila Cova.

(continua)

 
 

publicado por Miradouro de Vila Cova | Segunda-feira, 27 Julho , 2020, 00:25

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publicado por Miradouro de Vila Cova | Segunda-feira, 27 Julho , 2020, 00:17

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publicado por Miradouro de Vila Cova | Terça-feira, 21 Julho , 2020, 12:53

Está prevista para as dez e meia de amanhã, quarta feira, a chegada a Vila Cova da urna que tranporta o corpo do Sr. Raul Santos. Será rezada Missa na Igreja Matriz, seguindo a urna depois para o cemitério local.


publicado por Miradouro de Vila Cova | Sábado, 18 Julho , 2020, 18:55

Com votos de bom fim-de-semana! Vamos lá identificar as belas jovens, os moçoilos e datar esta foto. Os dois Srs., em cima ao centro, o ensaiador António Gabriel (meu padrinho) e Benjamim Leitão com o banjo!

(Henrique Gabriel)

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publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 17 Julho , 2020, 17:57

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Uma notícia que deixa a comunidade de Vila Cova atordoada, pelo seu inesperado. O falecimento do Sr. Raúl Santos, vítima de um acidente de mota, pela manhã, quando se dirigia para o trabalho. Foi transportado para o Hospital Universitário de Coimbra, tendo falecido nesta unidade hospitalar durante uma intervenção cirurgica. O seu falecimento está a causar grande pesar na comunidade vilacovense e em todos os que o conheciam.

O Sr. Raúl Santos prestava serviços de andador na Santa Casa de Misericórdia de Vila Cova.

Apresentamos à família as nossas mais sentidas condolências, com um abraço muito solidário ao Bruno Santos, filho do falecido e membro da Direção da Instituição Santa Casa.

Logo que tivermos pormenores sobre as exéquias, informaremos os nossos leitores.


publicado por Miradouro de Vila Cova | Sexta-feira, 17 Julho , 2020, 02:59

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Lá tive de ir. Arrastado a uma visita, a obrigar-me a um comportamento, conforme às regras da etiqueta. Minutos infindáveis, pesarosos. Uma hora a parecer um século, um pesadelo.

 

 "Oh Joãozinho, canta lá uma cantiga para os senhores.  Anda lá Joãozinho, canta! Os senhores estão à espera, vão gostar de te ouvir…"

 

 A extremosa avó, a querer exibir as habilidades do netinho. E o Joãozinho, cara de basbaque:

 

 “Eu sou o João, gosto de macarrão, dó, li, tá.

Tu és a Joana, gostas de banana, dó, li tó.”

 

 Oh destino cruel, mandassem-me antes um “pimba” dos piores, ou mesmo o Zé Cabra!

 

E a avozinha sempre a dar-lhe.

 

 “Oh Joãozinho, ouve filho, canta mais uma, os senhores estão a gostar. Ouve Joãozinho, só mais uma, anda lá filho, tens de ser bonzinho para os senhores e para a vóvó. Por exemplo, a última que sabes e que a avozinha nunca ouviu…”

 

"Não quero mais, não me apetece, já disse, não quero, não canto."

 

"Oh querido, canta lá, olha a tua vovó dá-te aquele brinquedo que tu pediste…"

 

"Dás vó?"

 

"Dou querido, está prometido, tens é de cantar para os senhores. Olha, a última que aprendeste e que a avó nem conhece…"

 

"Vou cantar:  Tim, tim, tim, Oliveira Matos no olho do – tem chatos. Tim, tim, tim, Matos de Oliveira tem chatos na pen—lheira."

 

"Ai Joãozinho, ai credo ai Jesus, ai que pecado, oh filho onde é que aprendeste isso? Ai Nossa Senhora nos valha, os senhores desculpem, ai o que o joãozinho aprendeu, ai Jesus…"

 

 Oh gente, acreditem. Reparassem em todos os meus trejeitos e perceberiam o ar de supremo gozo em que me encontrava. Claro, na altura, “noblesse oblige”, contive-me. Mas, ainda agora, há distância de uma semana, revejo o episódio e é uma barrigada de riso.

 

Quanto ao Joãozinho, sou sincero. Embirrei inicialmente com o puto. Mas mal o veja tenho de lhe dizer: “Oh João, meu sacana, és um puto fixe, um verdadeiro amigalhaço.”  

 

Nuno Espinal


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