Recordam-se da Fonte dos Amores? Sim, em Vila Cova!
Os acessos só se cumpriam de barco. Subíamos o rio, do Salgueiral ao Porto d’Avô, naqueles pitorescos barcos a remo de então, (ah! quantas vezes não remei o S. Jorge!) e em lugar escondido e de pequena reentrância à zona das fontainhas, atingíamos a tão almejada Fonte dos Amores.
Almejada, digo bem. Não tanto pelas qualidades do pequeno fio de água que lhe jorrava, vindo sabe-se lá de onde. Mas, o local da fonte, recôndito e íntimo, era bem bonançoso, e para mais seguro a muito apaixonados ais e suspiros de amor.
Éramos jovens, sangue a ferver.
E corria entre nós uma crença. Parzinho que daquela água bebesse ficava para sempre preso às setas do cupido. Amor garantido para toda a vida!
Muitas goladas bebi, confesso. Ano após ano em paixonetas várias. Mas efeito, o da profecia, nunca a água me fez algum. Nem a mim, nem aos outros.
Ah, a não ser o de uma grande saudade!…
Nuno Espinal