O espetáculo perspetivava-se-me pouco chamativo e cheguei mesmo a duvidar do seu impacto nos vilacovenses. Não pela qualidade, tanto de compositores, como de intérpretes ou pela beleza da música, decididamente assegurada, pela valia dos seus autores. A questão era outra. Música Sacra? Em Vila Cova?
Afinal, quanto me enganei! A Matriz, bem composta de público, ouviu, com um silêncio religioso, peça a peça, compositor a compositor e rendeu-se ao virtuosismo dos intérpretes: as manas Sofia e Joana Amorim respetivamente na voz e no violino e António Laertes no órgão.
Desfilaram peças de Música Sacra de famosos compositores, nomeadamente Vivaldi, Bach, Handel, Haydn, Mozart e Cesar Franck, associadas aos períodos barroco e clássico e superiormente comentadas pelo saber de António Laertes.
Este momento de excelência, vivido em Vila Cova, graças ao empenho do Grupo “Os Gorgulhos”, terminou com a assistência de pé a tributar fartos aplausos aos intérpretes.
E o comentário de uma senhora, reforçado no saber de vida e sensibilidade dos seus mais de oitenta anos, diz tudo quanto de sublime na Matriz aconteceu.
Sabe? - dizia-me no seu visível encantamento. O espírito parece que voava. Que belo! E a voz e os músicos? Tão cheios de alma!
Nuno Espinal