Quis o acaso que, de uma leitura lúdica nos domínios da filosofia, me tenha prendido a um excerto do pensamento de Schopenhauer, o qual, muito em síntese, posso condensar neste breve fragmento:
“O que faz do homem inimigo de si próprio é o egoísmo, o qual sobrevém de vontades independentes, que não são mais do que a afirmação de ímpetos individuais.”
A superação do egoísmo é exposta em Schopenhauer, mas demonstra-o a evidência que se torna mera retórica, sem viabilidade de concretização.
Os factos são demonstrativos e as atitudes e comportamentos que grassam por este Mundo, perpetrados pelos poderosos, líderes mundiais das grandes potências, são exemplificativos dos interesses individuais e mesquinhos que os motivam.
Mas, não necessitamos de nos fixar numa escala tão global. Basta uma simples observação de uma situação que nos é própria, nos intramuros do espaço rural da nossa Vila Cova.
Dizem-me, e faço fé nas minhas fontes informativas, já que por razões pessoais não tenho estado em Vila Cova, que os eucaliptos são a presença dominante da paisagem que envolve a aldeia. Mas, estes espalham-se nos domínios dos concelhos de Arganil e Oliveira e por toda a região da zona Centro.
Aos avisos da sua perigosidade orelhas moucas. Prevalece o egoísmo, a ambição da rentabilidade célere, a “afirmação dos ímpetos individuais”.
A comunidade científica tem sido bem assertiva: os verões vão ser mais prolongados e cada vez mais escaldantes.
Condições propícias a incêndios como o de 15 de outubro de 2017 serão uma realidade futura.
Perante este cenário exige-se uma intervenção sem tibiezas e autoritária do Estado, envolvendo Autarquias. E uma consciência cada vez mais interiorizada, de todos nós, simples cidadãos.
Nuno Espinal