Multiplicam-se as propostas de apoio, vindas da sociedade civil, às vítimas afetadas pelos incêndios do último domingo. É um registo muito positivo e que reflete, sob um impulso emocional típico nestas circunstâncias, o sentimento humano que se está a gerar e que revela uma solidariedade sincera de todos aqueles que querem ajudar os que mais precisam e de intervir no sentido da reconstrução de tudo o que o fogo devastou.
Contudo, há que refrear e evitar ações não controladas, porque a consequente descoordenação, pode conduzir, fatalmente, a excessos e desperdícios.
Lembram-se de Pedrógão Grande? Uma organização “ad-hoc” da sociedade civil fez apelos para a obtenção de géneros alimentares e roupas. A resposta foi de tal ordem que criou uma oferta que suplantou em muito as necessidades. Em pouco tempo havia um amontoado de géneros alimentares a estragarem-se e roupa que não tinha vazão.
Cabe às instituições locais, num primeiro momento, superar carências básicas dos que nada dispõem, como abrigo, alimentação e vestuário. Para que a coordenação seja um facto, torna-se imprescindível o trabalho em rede que, dadas as circunstâncias de mudança de executivos autárquicos, deve funcionar centralmente, num primeiro momento, para as populações da nossa União de Freguesias, na Santa Casa de Misericórdia de Vila Cova de Alva.
Instituição esta que, logo na terça feira passada, alojou um cidadão inglês e um casal de italianos, com dois filhos ainda crianças, cujas habitações onde residiam arderam, estando a prover-lhes alimentação e roupas.
Funcionárias da nossa Santa Casa já andam no terreno a fazer um levantamento de todas as ocorrências de perdas e danos dos afetados pelos incêndios, sob a tutela da Segurança Social.
Para além de carências de primeira necessidade, há ainda a considerar a alimentação a animais da espécie caprina que perderam os habituais depósitos de alimentação, dado os pastos próprios terem ardido. Fomos informados que estão a ser providenciadas ações para que os animais possam ser alimentados por rações específicas.
Há os casos, de outra complexidade, da reconstrução de imóveis de habitação própria e do arranjo e substituição de máquinas e material operacionais de empresas e particulares. Pelo envolvimento financeiro que implicam cabe ao estado superar ou mitigar o prejuízo contabilizado nestas perdas. Aguardem-se os próximos desenvolvimentos sobre esta matéria, com a expetativas óbvias sobre as resoluções que irão advir do próximo Conselho de Ministros no sábado.
Conselho de Ministros que já se deverá pronunciar sobre a intervenção que se exige na floresta. A reflorestação de todo o espaço de pinheiros, eucaliptos e, sobretudo, muito matagal agora ardido, impõe uma ordenação florestal e cuidados futuros na floresta que, a serem implementados, serão uma garantia de que fogos com estas proporções nunca mais ocorrerão.
Quando houver uma política de reflorestação coerente com a defesa ambiental e a segurança das pessoas será então tempo de, solidariamente com os proprietários, contribuirmos adequadamente para a arborização que todos desejamos que se implemente.
Por razões até de ex-libris, tanto a mata do convento como toda a zona dos chamados bosquetes, entre a estrada e o rio, merecerão toda a nossa solidariedade.
Nuno Espinal