Um sábado cheio de gente, nesta VIII Mostra, em especial à noite, na expetativa da atuação dos grupos caseiros.
Sem dúvida que a “Mostra”, mais de Sabores do que de Lavores, tornou-se a Festa mais popular de Vila Cova, pela sua transversalidade etária e presenteação de muita música, que ressoa no recinto da Praça pelas vozes e instrumentos de Tunas, Ranchos Folclóricos e Filarmónicas.
A cultura, na sua expressão mais genuína, também marcou presença, com a apresentação de um livro de poesia, “O Uni Verso do Sonho” da autoria de Silvino Lopes (pai), um poeta já consagrado pela qualidade e criatividade que emergem dos seus poemas e que foram dados à estampa em seis obras já publicadas e dos instrumentos e voz de intérpretes de Coimbra, vindos do já famoso “Fado ao Centro”.
Cultura que, pela mão da Santa Casa, foi ainda manifesta nesta Mostra pelo lançamento de uma coletânea com poemas de autores das localidades da União de Freguesias, pelas danças e cantares de “rodas” e pela exposição de pintura, com telas a óleo de Jorge Fernandes.
Dos sabores, espalhados pelo recinto da “Mostra”, são emergentes ou nos aromas vindos das tasquinhas, com especial realce para os queijos, ou nas visualizações coloridas de licores e frutas, com especial destaque para o palpitante avermelhado das cerejas.
Uma palavra para o serviço de refeições da Santa Casa. Uma vez mais em grande e com pratos bem regionais, como os “peixinhos da horta”, a chanfana, o bacalhau com broa, a fressura de arroz, ou o nosso eterno Bucho. Depois a simpatia e a educação que foi patente no serviço de mesa merece o maior aplauso.
Sábado, à noite, o palco de atuações recebeu a Flor do Alva que teve um desempenho de muita qualidade. Exibiu-se depois o Grupo Etnográfico que deveria ter evitado o excessivo número de danças de roda que apresentou. Foi, entretanto, muito aplaudido na rapsódia que apresentou, já com suporte instrumental (excelentes Miguel calado e Silvino Lopes), com a particularidade das letras versarem a temática Vila Cova.
Tudo junto (sabores, cultura e música), eis uma receita que tem funcionado, como nesta VIII Mostra, na perfeição.
Mas, com não há bela sem senão, um reparo: falhou o som na atuação do “fado ao centro”. Completamente perdido, o responsável, ou responsáveis, pela “mesa de som” teve, ou tiveram, um desempenho muito aquém do desejável.
Mas, não é por um momento menos conseguido que o som vindo do Rancho das Flores de Casal de São João deve ser crucificado. Há que não esquecer que em todas as edições da “Mostra” o som do Rancho de Casal de São João esteve sempre em condições de nada lhe termos a apontar.
Para os seus responsáveis, e a eles me dirijo como mero espetador da Mostra, o mais sentido aplauso e agradecimento.
Nuno Espinal