Dário de Coimbra
Com base numa entrevista a Nuno Espinal, as jornalistas Isabel Duarte e Lourdes Gonçalves publicaram peças nos seus jornais, respetivamente o “Diário de Coimbra” e o “Jornal As Beiras”, em que abordam aspetos relacionados com a Santa Casa da Misericórdia de Vila Cova de Alva, entre os quais as eleições ocorridas recentemente na Instituição.
Da entrevista, a que o Miradouro teve acesso, levamos ao conhecimento dos leitores algumas passagens do diálogo estabelecido entre as jornalistas e o Provedor Nuno Espinal.
Pergunta: foi reeleito provedor da Misericórdia de Vila Cova de Alva, decidiu recandidatar-se ao cargo para dar seguimento às obras no Centro de Dia e por mais algum motivo, em especial?
Resposta: As obras geraram compromissos materiais e morais para com o Fundo Rainha Dª Leonor, através do qual fomos subsidiados em cerca de cento e trinta mil euros. Há requisitos a cumprir e sendo eu, como Provedor, o principal responsável por esse cumprimento, seria incorreto da minha parte outorgar essa responsabilidade a outro, quem quer que ele fosse. Esta é uma razão, que me fez ponderar a minha continuidade.
P: A sustentabilidade financeira da instituição é uma preocupação vossa, o que pretendem fazer para conseguir este propósito?
R: A nossa taxa de esforço, nas despesas das obras de ampliação, será de cerca cento e dez mil euros. Não recorreremos a qualquer endividamento, mas vamos ficar com a nossa tesouraria sem os ativos que nós consideramos os necessários para podermos precaver qualquer eventual percalço de percurso. A sustentabilidade financeira vai ser conseguida com uma política de racionalização de despesas e, consequentemente, de poupanças, de forma a podermos constituir ativos financeiros que possam ser um garante de uma mínima segurança.
P: Aquando da tomada de posse referiu-se a uma necessária reorganização estrutural, o que vai acontecer a este nível?
R: Uma IPSS, mesmo quando de não grande dimensão, deve reger a sua gestão dentro de princípios e regras de caracterização empresarial, com as devidas adaptações às suas próprias especificidades. Ao longo destes anos, eu e todos os que me têm acompanhado na gestão da Santa Casa, ganhámos experiência e saberes que nos permitem reorganizar e racionalizar os serviços a fim de as prestações serem melhoradas. Eu próprio vou criar um “Manual de Procedimentos” de modo a que haja uma atribuição de funções e distribuição de tarefas a todos os que integram o órgão de gestão da Instituição e que possa constituir uma ajuda futura na gestão da Instituição.
P: Entretanto, pretende “chamar” jovens dirigentes para a instituição, de que forma irá fazê-lo?
R: Através de uma ação de sensibilização, na qual possam perceber quão estimulante e reconfortante é sentirmo-nos solidários para com os nossos idosos. Depois, integrar os Órgãos Sociais de uma IPSS pode ser para eles uma verdadeira escola, que os forme para possíveis e futuras incursões profissionais, em áreas como a contabilidade, a gestão de empresas, a economia, a gestão financeira, em metodologia do trabalho.
P: Está convicto de que em 2020 poderá deixar o cargo e ser substituído por outro provedor? Pretende que este seja mesmo o seu último mandato?
R: Sou Provedor desta Instituição há dezasseis anos e abracei sempre o cargo e funções com grande prazer e motivação. Mas, tudo tem um termo e estou muito convicto de que nessa altura, 2020, será a altura certa de passar a pasta. Quero fazê-lo e estou certo que o farei com o ego muito alentado pela consciência de que cumpri e estou associado com outros a uma obra.
P: Está como provedor nesta instituição há 16 anos, tem sido mais difícil geri-la nos últimos anos ou quando tomou posse pela primeira vez? Porquê?
R: /…/ o número dos nossos utentes foi diminuindo e hoje está reduzido em cerca de 30%. Esta redução é significativa na diminuição das nossas receitas, mantendo-se praticamente as mesmas despesas, porquanto mantemos o mesmo número de trabalhadoras, dado que a média de cuidados por cada utente aumentou consideravelmente, em resultado das suas idades terem aumentado, com a diminuição das suas autonomias físicas e o crescimento das suas precaridades. Em remate a estas considerações é óbvio concluir o seguinte: hoje é mais difícil gerir.
P: Que mensagem gostaria de deixar aos vilacovenses, ou se preferir, o que podem esperar de si e da sua equipa neste novo mandato.
R: O que os vilacovenses podem esperar da atual equipa é o mesmo que conhecem de anteriores equipas: trabalho, dedicação, rigor, seriedade e resultados.
Manuel Fernandes
Diário As Beiras