Começou o Campeonato do INATEL. E para o Vilacovense parece começar mal. Não tanto pela derrota, mas sim pela roubalheira.
Começou o Campeonato do INATEL. E para o Vilacovense parece começar mal. Não tanto pela derrota, mas sim pela roubalheira.
Este ano, a Missa evocativa dos Irmãos já falecidos da Irmandade da Santa Casa de Vila Cova coincidiu, por ser domingo, com o dia em que tradicionalmente era celebrada: dia 8 de novembro. Também, de acordo com a tradição, a Missa realizou-se na Igreja do Convento.
O Padre Rodolfo Leite, oficiante desta liturgia, expressou, logo no início da sua celebração, o significado desta evocação, enaltecendo o papel da Irmandade ao longo dos seus já séculos de existência, muito devendo, no cumprimento dos seus objetivos, à dedicação e entrega dos Irmãos já falecidos.
O Evangelho desta Missa reportou-se a uma parábola, aproveitada pelo Sr. Padre Rodolfo Leite, na sua homilia, para a ligar ao papel da Irmandade nos atos de dádiva que lhe são peculiares. Mais do que a solidariedade, na dimensão material dos atos que pratica, importa nas dádivas que concede, superar-se pela força da comunhão, da paixão, da autenticidade com que as pratica.
Diz o seguinte a parábola:
O Senhor sentado diante do cofre das oferendas para o Templo, observava como as pessoas depositavam ali as suas esmolas e como muitos ricos lançavam dinheiro em abundância. Então aproximou-se uma pobre viúva e lançou duas pequenas moedas, que valem um quadrante. Tratava-se de duas moedas de pouco valor. A sua importância do ponto de vista contábil era mínima, mas para Jesus foi muito grande. Enquanto a mulher partia, Jesus reuniu os seus discípulos e, apontando para ela, disse: Na verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais que todos os outros, porque todos os outros lançaram do que lhes sobrava; ela, porém, na sua necessidade, lançou tudo o que tinha, todo o seu sustento.
A dádiva é sublimada pela autenticidade com que é praticada. A dádiva ou esmola feita na pureza da intenção.
Finda a Missa organizou-se o habitual cortejo com todos os Irmãos e Fiéis presentes, que circundou os lances de escada e átrio posteriores ao espaço da entrada da Igreja.
Nuno Espinal
No local da ETAR, em Vila Cova, foi montado um posto transformador da EDP, que se espera que melhore os serviços de prestação de eletricidade na região. A este propósito trancrevemos uma notícia que recolhemos da edição de ontem do "diário as beiras", com o título, "Mais energia a circular entre o Alva e o Ceira":
A EDP Distribuição colocou em serviço dois novos postos de transformação, um em Vale do Matouco, freguesia de São Martinho da Cortiça, e outro em Vila Cova de Alva, União das Freguesias de Vila Cova de Alva e Anseriz, ambos no concelho de Arganil.
Segundo a empresa, estas duas novas infraestruturas, representando um investimento global de 37 mil euros, assumem-se como um reforço significativo na qualidade do serviço assegurado ao concelho.
Continua a elétrica referindo que a intervenção em Vale do Matouco, implicou, para além da construção do novo posto de construção aéreo, equipamento do tipo R1000, a remodelação da rede aérea de baixa tensão existente na área de influência do mesmo e a passagem da iluminação pública para vapor de sódio. Já no que concerne ao PT instalado em Vila Cova, este tem como objetivo primordial a alimentação da nova instalação das "Águas do Centro Litoral", isto para além do inegável contributo para a melhoria da qualidade do serviço no fornecimento de energia elétrica aos restantes clientes por ele alimentados que, também, lhe está associado. Aqui, esta intervenção foi complementada, visando garantir todos os procedimentos em matéria de segurança, com a colocação de bolas de sinalização na travessia da linha sobre o rio Alva.
A expressão “são favas contadas” é utilizada quando se pretende significar a expectativa de um resultado favorável e previsível. Ao que pudemos apurar, a expressão é muito antiga, remontando ao tempo do Império Romano, ou seja, há mais de dois mil anos.
Esta leguminosa era utilizada na realização de operações aritméticas e ainda para proceder a votações. Neste caso, utilizavam-se favas de cor preta e favas de cor branca, que eram distribuídas pelos votantes, sendo que no ato de votação cada votante depositava uma das favas numa bolsa. Na contagem dos votos, as favas brancas significavam um sim e as favas pretas um não.
A este propósito transcrevemos um excerto de uma Ata de Janeiro de1864, da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vila Cova de Alva, em que numa reunião da Mesa Administrativa é utilizado o método das favas, em ato de votação indicador da vontade dos membros daquele Órgão Social.
/…/ Depois apresentou o Senhor Provedor um requerimento de Maria Ludovina de Oliveira Cardoso, desta Vila Cova de Sub Avô, outro de Lúcia de Jesus e outro de António da Silva Bafá que pretendiam entrar na Irmandade desta Santa Casa e em seguida fez o Senhor Provedor algumas observações sobre a inconveniência que via em admitir todas as pessoas para Irmãos, porquanto esta Irmandade já se achava muito numerosa e além disto a pequena jóia e a quota anual não compensavam a despesa que esta Misericórdia tinha de fazer com Irmãos quando morriam, pois entendia que só se deviam admitir pessoas que estivessem na circunstância de poderem exercer os cargos de mesários, para o que havia poucas pessoas habilitadas na Irmandade, no entanto que ia pôr à votação os requerimentos dos pretendentes, cuja votação seria feita por favas brancas e pretas, para que não se soubesse qual dos mesários tinha aprovado ou rejeitado o pretendente e não carregar com o odioso no caso de rejeição;
Sendo dadas a cada mesário uma fava branca e outra preta, foi posto à votação o requerimento de Maria Ludovina de Oliveira Cardoso e, corrido o escrutínio, apareceram na urna cinco favas brancas, ficando por isso admitida a pretendente para Irmã por unanimidade; passou-se em seguida ao requerimento de Lúcia de Jesus e feito o mesmo processo apareceram na urna três favas brancas e duas pretas e por isso ficou admitida por maioria, e seguindo o mesmo método sobre o requerimento de António da Silva desta mesma Vila apareceram na mesa três favas pretas e duas brancas e por isso rejeitado por maioria /…/.
Nuno Espinal
Ao longo de toda a história do mundo a pobreza sempre existiu e muito maior foi a sua dimensão, definindo-a em termos absolutos, quanto mais no tempo histórico recuarmos. Um homem rico da Idade Média, em termos absolutos, dispunha de menos bens e conforto material que um remediado dos tempos de hoje, mas isso não invalida que fosse considerado rico naquele período histórico.
Mas, a pobreza é, a cada momento histórico, considerada, fundamentalmente, pela sua observação em termos relativos, ou seja em termos comparativos. Um pobre na Suíça não o será assim tão pobre, antes pelo contrário, em comparação com um pobre em um qualquer país pobre de África.
Ora, a leitura de um breve trecho de uma Ata de 1867, de uma reunião da Mesa Administrativa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vila Cova, suscitou-me esta reflexão entre pobreza relativa e pobreza absoluta.
Os bens distribuídos naquele tempo seriam impensáveis de ser distribuídos, como dádiva à pobreza, nos tempos de hoje. Atentemos, pois, à Ata:
“Ponderou a Mesa que se deveriam vestir as três pobres da obrigação anual, da Santa Casa e que o facto que havia de ir para as três fosse repartido por mais alguns necessitados que são os seguintes: Maria das Dores, viúva do lugar de Vinho foi provida com uma saia; Maria Madalena com outra saia; a filha aleijada de António Gaspar com outra saia; a filha de Joaquim Lopes Crespo, desta Vila, com outra saia; a filha de António Fernandes Canastreiro com outra saia; o filho aleijado de Maria Caetana da Datão com umas calças; a filha muda de Maria Teresa Sampaio com outra saia; António dos Santos com umas calças; finalmente a filha de Ezequiel Nunes Nabais com uma saia e uma roupinha.”
Nuno Espinal
A globalização é um fenómeno que, desde as modernas potencialidades da tecnologia da comunicação, tem tido efeitos inegáveis na uniformização de hábitos e costumes, alterando ou esbatendo mentalidades específicas ou manifestações subculturais de incidência local ou regional.
E esse esbatimento é diretamente proporcional ao decréscimo nos escalões dos vários segmentos etários.
Reportemo-nos a Vila Cova: Na década de sessenta eram contrastantes os hábitos, mentalidades e conceitos morais, em algumas manifestações típicas no quotidiano, entre os residentes de Vila Cova e os, especialmente, jovens estudantes que nos períodos de férias se fixavam na aldeia.
Um mero exemplo: Munidos de gira discos de pilhas, a estudantada, grupo no qual me incluía, dançava o “twist” em locais não restritos à presença de qualquer um. Surpreendidos, os vilacovenses comentavam aquela estranha dança referindo-a de escandalosa e quase satânica. “Aquilo é uma dança do diabo, aquilo atenta à decência”, ouvia-se.
E a dança não era mais que um ondulante requebrar de ancas e umas elevações e abaixamentos de pernas, que faziam subir, uns reduzidos centímetros, as saias por cima dos joelhos.
-"É a dança do “fodiste”, dizia um mais afoito e até, reconheça-se, com uma boa dose de humor.
Os anos avançaram para mais de meio século. Pois, há dias, na intenção de motivar um jovem para integrar o grupo etnográfico agora em constituição, dei-lhe a conhecer algumas das letras das cantigas, então dançadas e cantadas nas “rodas”.
Foi-as lendo ao mesmo tempo que se ia rindo a bandeiras despregadas. Particularmente hilariante encontrou estes versos:
A pomba caiu no mar
A pomba no mar caiu
Nos braços do meu amor
Agarrei a pomba, ela me fugiu
Fugiu a minha pombinha
Já não tenho portador
Já não tenho quem me leve
As cartas ao meu amor.
-Isto é de partir o coco! – Comentava. Era mesmo isto que se cantava nos tempos dos meus avós?
Entretanto, soa um toque de chamada telefónica. Atende: Era a namorada.
Ora aí está. A pombinha a ceder lugar ao telemóvel…
PS: O jovem vai integrar o grupo.
Nuno Espinal