Túmulo de D. Afonso Henriques
Hoje falo de Coimbra. E começo com um dos seus mais emblemáticos monumentos: A Igreja de Santa Cruz, igreja que é Panteão Nacional. Esta consagração, atribuída em agosto de 2006, deve-se ao facto de os restos mortais de dois nomes da nossa realeza estarem depositados em duas elegantes arcas tumulares, na capela-mor da igreja. Tão ilustres personagens são precisamente os dois primeiros reis de Portugal: D. Afonso Henriques, o fundador da nacionalidade, e D. Sancho I. E não estão lá por acaso. É que Coimbra era, ao tempo dos seus reinados, a capital de Portugal. Mais, concretamente, capital reconhecida por Decreto Régio.
Ora, curiosamente, uma revista norte americana publicou há dias um artigo onde refere não existir nenhum documento comprovativo de que Lisboa seja realmente a capital de Portugal, destacando que a cidade apenas é capital devido a uma estratégia comercial que remonta ao reinado de Dom Afonso III.
Sendo assim e considerando que a grande maioria das capitais oficiais de países possui documento a atestar o seu registo como capital oficial, Lisboa, por esta ordem de razões, ficaria destituída do seu estatuto de capital de Portugal, devendo o mesmo ser concedido a Coimbra.
O autor do artigo é um técnico da área do turismo de nome Jorge Rodrigues, que refere:
“O Rei D. Afonso III, no ano de 1255, mudou toda a sua corte de Coimbra para Lisboa, visto se ter tornado na maior cidade do Reino, devido à população crescente e devido à sua excelente localização que permitia óptimas condições portuárias para receber navios comerciais. Sendo um dos principais portos comerciais da Europa, permitia excelentes trocas materiais e culturais. Lisboa é, então, o centro da economia Portuguesa e um das capitais mais inspiradoras da Europa”.
Entretanto, os anos passaram e, mesmo sem documento oficial, Lisboa ganhou o estatuto de capital de Portugal. Estatuto incontestável, ainda que “de facto” e não “de jure”. E ai de quem, agora, afronte tal título! Cometeria um crime de “lesa majestade. As próprias elites do poder, de há uns anos para cá, todas, sem exceção, se alinham pelo mesmo diapasão. Tudo por Lisboa.
E por tudo o que vai acontecendo, quase apetece plagiar um grito de guerra bem coimbrão e ironizar:
Para Lisboa (e Porto também – não há que esconder)) vai quase tudo, tudo, tudo! E para o resto do País vai quase nada, nada, nada!
Nuno Espinal