Aos poucos, Vila Cova vai recebendo visitantes. Alguns de passagem fugaz, outros um pouco mais demorados. Mas, nada é como dantes. Tanta a mudança que se percebe. Dos que vêm, dos que estão. Progressivamente, esvai-se o sentido de comunidade que em tempos existia, o sentimento de agregação, de pertença a um todo, em coletivismo fundado pela vivência de vizinhança, pelo hábito e pela memória, pelo local de nascimento, pelas relações de trabalho. O fenómeno é geral. Vila Cova, Coja, Barril e por aí fora, um tanto por todo o país, por todo o mundo.
Nas aldeias, o indivíduo abre-se ao exterior, ou porque emigra e abandona o domicílio, ou porque profissionalmente outros locais o deslocam diariamente.
Há os “média” e a “internet”, novos ambientes a proporcionarem outros e novos saberes, outras perspetivas, a reformularem interesses, a criarem novos interesses.
Veja-se só: em Coja, dia 16 de agosto, um festival de rock. Impensável, aqui há uns anos. Mas, a mudança segue a ritmo impressionante. Nada a dizer. Os tempos a imperarem novas vontades.
E em Coja vai ser assim. Palco gigante, decibéis a perfurar tímpanos, projetores aos magotes e efeitos visuais, cerveja, muita cerveja.
Salvas as devidas dimensões e proporções, tudo igual a outros lados, tudo em uniformidade, em conformidade.
-É bom para o comércio local, ouve-se dizer.
Claro, a lógica de mercado, para não variar…
Nuno Espinal