Este ano não houve, praticamente, Festa de S. João. Foi pena! Mas para o ano a “Festa” não vai falhar. Fica prometido. E quem o promete é um grupo de jovens vilacovenses carregadinhos de ambição. Por isso a Festa vai ser melhor do que nunca.
Daí, termos já começado a esboçar o esquema de uma programação que queremos atrativa. Mas, para tanto, há sempre um ponto primeiro a considerar: A angariação de fundos. E, ideia atrás de ideia, uma primeira ação para a angariação de fundos está já a ser anunciada: um passeio de tratores em Vila Cova. Uma ideia com o seu quê de grotesco? Claro que sim. Mas talvez por isso tenhamos a nossa fezada de que venha a ser um êxito. E temos já razões para acreditar que sim. É que testámos o impacto da ideia junto de vilacovenses, proprietários de tratores, e se num primeiro momento soltaram uma gargalhada, logo de seguida deram a sua adesão à participação no Passeio.
Cada participante, que se passeie de trator, terá direito a pequeno-almoço e aperitivo (a meio do percurso) e a um bem servido almoço, que possivelmente será numa das margens margem do Alva. Ah, tudo isto, ainda com direito a brinde, por um mero gesto de troca, que fixamos em “vinte tratores”.
Mas os que não puderem participar no passeio, por não terem trator, não ficam marginalizados. É que lhes é dada a possibilidade de se integrarem no almoço. Para tal, basta só que desembolsem “10 tratores”.
As inscrições estão abertas até 20 de agosto e o passeio fica marcado para 24 de agosto.
Esperamos que esta nossa ideia tenha sucesso e seja um ponto de partida para nos sentirmos motivados e decididos a mais eventos até Junho de 2015.
Programa (dia 24 de agosto)
8:00 - Abertura do Secretariado
8:30 – Pequeno-Almoço
9:00 – Início do Passeio (Concentração na Praça Dr. Luís da Costa Faria)
10:30 – Reforço Alimentar
13:00 – Almoço (Porco no Espeto)
Preço: 20€ (Só Almoço 10€)
Contactos:
Marcos Lourenço: 965178844
Fábio Santos: 963830036
Miguel Fonseca: 962886123
Organização: Mordomos da Festa de São João Baptista 2015
A equipa de futsal dos “Corvachos” parece ter já ultrapassado a fase de lançamento com a sua participação em dois torneios e, dando provas afirmativas de ter condições de continuidade, os vilacovenses bem se podem habituar à ideia de no futuro poderem contar com uma nova representação do nome da terra em espaços extra muros. Contudo, há que dar sustentabilidade à equipa.
O futsal é uma modalidade que, pela economia de meios, tanto humanos como materiais, vai captar cada vez mais adeptos, no âmbito de participantes, organizadores e adeptos. Vila Cova tem de construir condições para que se possa afirmar nesta modalidade, e deverá estar nas Instituições a estrutura base de fundação e consolidação desta modalidade.
Entretanto, nos dois torneios em que participaram, os “Corvachos” classificaram-se em 7º lugar (torneio de Avô) e segundo lugar (torneio da Cerdeira).
Nuno Espinal/Fábio Santos
Na sequência do último apontamento publicado no Miradouro, uma leitora questionou-me, via “mail”, sobre o número de utilizadores da Internet contabilizado em Vila Cova. Não tenho uma resposta exata para a pergunta, mas posso garantir que, entre os jovens vilacovenses, já não há quase nenhum que não aceda à Internet através de computador pessoal. Mas, para além da adesão dos jovens, também residentes vilacovenses não jovens, em número já bastante razoável, acedem diariamente à Internet. Tenho essa perceção pelas mensagens que me vão chegando, e nas abordagens que me são feitas via Miradouro e pessoalmente.
Entretanto, esta questão suscitou-me uma reflexão que, muito sucintamente, exponho aos leitores, aproveitando para relembrar que este espaço está sempre aberto, sem restrições, a qualquer rebatimento de tudo o que são opiniões, tanto minhas, em número maioritário, por motivos óbvios, como de outros.
Passemos então ao tema.
É um facto que a tecnologia da informação, pela quantidade e pela velocidade de circulação da informação, tanto à escala nacional, como internacional, permitiu a muitas populações furar barreiras da ignorância, pondo em causa crenças, ideologias impostas, abrindo assim os espíritos a novas ideias, a um novo mundo. Em suma, democratizando já que potenciou os utilizadores dos meios tecnológicos da informação, especialmente os que à informação acedem através da internet, a um espaço de opção de escolhas, conduzindo a que se possam tornar cidadãos mais conscientes, sabedores e participativos.
Por outro lado, todos temos noção de que, ao contrário do que antes se verificava com os meios de comunicação, em que a informação tinha um único sentido na circulação, já que era emitida de um centro para toda a sociedade, com a internet descentralizou-se todo o processo de comunicação, já que todos podemos ser emissores e recetores ao mesmo tempo. Ou seja, adquirimos vantagens antes inacessíveis, vantagens essas, (filtrando, contudo, a informação distorcida e eivada de perigos), que nos podem guindar a um certo poder já que, considerando que o poder é sempre uma relação, adquirimos uma superioridade perante aqueles que à internet não têm acesso e os que tendo, dela se servem para fins nada instrutivos.
É aqui que o fenómeno da chamada “brecha social” se coloca, pelo fosso aberto entre as populações “on line” e “off line”, o que implica um aumento das desigualdades sociais.
Este é um fenómeno recente que penaliza, principalmente, as populações mais idosas, desinteressadas e incapazes de acederem ao manuseamento do computador e aos modos de acesso à internet.
Mas nada há a fazer. Eu próprio testemunhei a recusa ao computador dos idosos no Centro de Dia de Vila Cova, quando lhes foi dada essa possibilidade, ante um técnico destacado para o efeito. É natural que assim aconteça. Dedos das mãos esclerosados, deformados por sequelas da idade, sem destreza para manobrar um teclado e um desinteresse intelectual próprio da idade e de uma iliteracia, que lhes marcou o destino, são fatores que os empurram para a chamada info-exclusão.
Contudo, no nosso país, (e é no nosso país que este breve apontamento se centra), a evolução dos dados estatísticos perspectiva-nos um cenário, daqui a uns anos, em que o grupo dos chamados info-excluídos diminuirá significativamente a ponto de, progressivamente, se tornar irrelevante.
Nuno Espinal
Alguém, no desenrolar de uma tertúlia, insurgia-se contra (no seu entender) os malefícios do computador, considerando-o, inclusivamente, como anti-social.
Justificava-se com o argumento de que era preferível ocupar os tempos, gastos em casa no computador, na leitura, na audição de música ou no convívio com amigos. E, em remate final e exaltante, exclamava: Eu, escrava destas novas tecnologias? Nunca! Internet? Nunca!
Não é a primeira vez, nem será a última, que tenho testemunhado estas atitudes anti-computador, anti internet e anti novas tecnologias, a maioria num processo que me parece ser de uma manifestação de “moda”, um querer parecer bem, ou até uma intenção de exteriorização de uma pretensa superioridade intelectual.
É um facto que não se deve desprezar, perante relatos e factos ocorridos, a necessidade de cuidados e moderação na utilização do computador, associado este às capturas que podemos retirar da internet.
Mas, o computador, como a internet e, abrangentemente, as novas tecnologias, associadas à informação, ao conhecimento e à cultura, proporcionam-nos um manancial de dados que em tempos idos era privilégio de muito poucos, e estes acomodados no grupo dos favorecidos sociais.
A tecnologia, inclusivamente, propicia uma reconfiguração do espaço e do tempo, que deixaria perplexo qualquer antepassado que a este mundo retornasse. Atente-se a instantaneidade com que a informação (notícias, imagens, ideias, músicas, etc.) chega a qualquer canto do universo. Um jogo de futebol, um desastre de avião, um espetáculo de música, um acontecimento de monta, chegam a todo o lado momentaneamente, ao tempo de um estalar de dedos.
Vem a propósito, o relato de uma história passada há poucos anos na nossa Vila Cova. A nossa terra foi visitada por uma Banda Filarmónica, vinda da Camacha e durante a sua estadia houve vários acontecimentos com que se pretendeu comprazer os visitantes. Um deles, patrocinado pela Santa Casa, constou, no terreiro do Centro de Dia, de um “porco no espeto” oferecido a toda a população. Em frente do computador, tive então a ideia de ir comentando, via “Miradouro” o desenrolar de tudo o que de mais importante se ia passando. E lá explanei: “neste momento o porco já gira no espeto”
Ora, o Sr. Armando Lourenço, que nessa altura estava em África, recebeu a notícia em tempo quase real. Telefonou ao pai, o falecido Sr. Albano Lourenço e disse-lhe. Oh pai, já me cheira a porco no espeto. E ao pai deve-lhe cheirar mais, pois não está a mais de cinquenta metros do local.
O Sr. Albano Lourenço nem queria acreditar. É que ainda nem se tinha apercebido que o porco já esturricava no espeto. Confirmou-o depois no local. O filho a milhares de quilómetros tinha-o sabido primeiro…
Nuno Espinal
Na foto: (da esquerda para a direita e em primeiro plano) Lúcia Trindade, Eduardo Caldeira (falecido) e Rogério Telmo (falecido).
(No último plano, da esquerda para a direita): Zaida Fonseca, Quim Espinal, Nuno Espinal, Misa Trindade, Zé António Fonseca (neto de um senhor conhecido pelo Careiro) e António Gabriel de Almeida (Toneca).
Passou já mais de meio século sobre a data em que esta foto foi tirada. Bem diferentes eram, nessa altura, muitos dos costumes e hábitos, quando eu e outros partilhávamos o grupo dos jovens estudantes que, em Vila Cova, libertos das salas de aulas, passávamos as férias grandes, sorvendo as delícias de um forte companheirismo e de momentos de irrepetível recreio que a nossa irreverência de então garantia.
Entretanto, os meses de Verão, em Vila Cova, foram perdendo esse fervilhar de visitantes, que na década de noventa e nos primeiros anos do novo século desapareceram quase por completo.
Parece haver um certo retorno a essa agitação “cosmopolita” nos últimos anos, especialmente no mês de agosto. Ao que dizem, este ano, esse pulsar será confirmado. A ver vamos. Os noturnos passeios ao “escuro” hão-de confirmá-lo.
Nuno Espinal
O cadáver de um animal de pastorícia (cabra ou ovelha) anda a boiar no rio, junto à ponte, há já alguns dias, em estado de putrefacção, com o sério perigo de poder contaminar as águas.
Nesta altura, em que o rio, precisamente naquele local, pode ser procurado por banhistas, é lamentável que as autoridades competentes ainda não tenham feito a sua remoção, presumidamente conhecedoras que são do caso.
Apela-se a uma intervenção de quem de direito no sentido de que o cadáver seja rapidamente removido do rio, a fim de evitar o perigo para a saúde pública, que é o da contaminação das águas.
Bruno Alexandre dos Santos
Completou hoje 73 anos de idade o Sr. Carlos Oliveira. Comemorou o seu aniversário com o ambiente típico do bolo de aniversário, do apagar das velas e pôde ouvir a velha cantilena dos “parabéns”, cantada por todos os amigos que o festejaram no Centro de Dia.
Parabéns Sr. Carlos Oliveira. É bom vê-lo bem recuperado e pronto a festejar muitos mais aniversários. Saúde e felicidades.
O sol submergia.
Ah! És tu? Mas que surpresa!
E foi, então, que disseste:
-Mas que feliz reencontro!
E brincaste com as palavras:
-Feliz reencontro de acaso e num ocaso!
Cursámos Direito, jovem que eras na casa dos vinte, eu uma quinzena mais velho.
Eras linda, cobiçada por desejos e paixões, mas persistias no recato da solidão. Quantas vezes não dizias, citando um poeta:
A solidão é como a chuva. Ergue-se do mar ao encontro das noites;
Gostavas da noite. Partilhei algumas contigo. Quedavas-te até aos começos das madrugadas, ou entre quatro paredes, onde te enfronhavas no estudo, ou no deleite de leituras e música, ou procuravas lugares ermos, abertos ao teu respirar.
Gostei de te rever: -Anda, vem, vamos reviver uma das nossas noites.
Acedeste, feliz, percebi-o. E que noite passámos! Que magia, que entrega ao nossos pulsares, a antigos nossos delírios…
Dissemos poesia, ouvimos Chet Baker, Miles Davies, o nosso Zeca Afonso e até a “Noite Transfigurada” do Schoenberg. Chegámos mesmo a coreografá-la. E tu ensaiavas gestos e movimentos, com a tua graça natural e alguns dos saberes que colheste, quando mais nova foste aluna de bailado.
Fluímos no transcendente, inebriados, hipnotizados por auras enfeitiçadas.
E declamaste Rilke:
Tenho tal medo da palavra dos homens.
Eles exprimem tudo com tanta clareza:
e isto chama-se cão e aquilo casa,
e aqui é o começo e acolá é o fim.
Bailavam-te os gestos com as palavras e prosseguias:
E também me amedronta o seu sentido e o seu jogo com o escárnio,
Eles sabem tudo o que vai ser e já foi;
Não há monte que lhes seja maravilha;
O quintal e a quinta deles vão às fronteiras de Deus.
Ias tentando endurecer a expressão, mas um certo trejeito no olhar, demasiado terno, traía-te…
Hei-de advertir e opor-me: Ficai de largo!
Gosto tanto de ouvir cantar as coisas.
Mal lhes tocais, ficam hirtas e mudas.
Matais-me todas as coisas.
Em delírio dos sentimentos, julgámo-nos outros, diferentes, seres outros.
Até que veio o clarão da matina e logo o clamor da cidade.
Na subitaneidade, alertaram-se-nos as coisas da vida. Retomámos os nossos quotidianos…
Ah, sim! Tu foste aos saldos – roupas lindas e baratas – prenunciavas, e eu, submerso na tentação, fui a uma sofisticada loja e comprei um telemóvel, um sofisticado telemóvel, com muitas e complexas funções, maioritariamente desnecessárias e fúteis.
Nuno Espinal
Já não restam dúvidas de o avião do voo MH17 da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, ter sido abatido, na fronteira da Ucrânia com a Rússia, por um míssil terra-ar, de proveniência ainda não totalmente esclarecida.
Mas, o que deste trágico acontecimento, entre outras conclusões, releva é o impacto imediato que a notícia provocou em todo o Mundo, fazendo emergir um clamor público mundial, numa manifestação coletiva que é conclusiva de quanto é evidente de que o Mundo tende para a unidade e os acontecimentos, sociais ou eletivamente políticos, se caracterizam, cada vez mais, pela sua planetização.
O último campeonato do Mundo de futebol é, a par de outros, um caso que confirmativo desta verdade, que assumiu tão evidente proporção, graças ao poder de circulação e difusão da notícia, poder este que a tecnologia desenvolveu, em várias vertentes nos últimos anos.
Mas entre o acontecimento que foi o mundial de futebol e a queda do avião da “Malaysia Airlines” há uma diferença de monta. Os males do primeiro, quando os há e se é que os há, só os sente quem a eles voluntariamente adere. Os do segundo são diferentes. Integram-se no fenómeno da guerra e do terrorismo. E aqui, ai de nós pela nossa impotência. A não ser que este clamor mundial, típico neste momento de grande crise emocional, se converta em ação e atitude de todos os povos do mundo. Todos os povos em uníssono, como comunidade, como um povo só.
Mas esqueçam! Há “realities shows” prestes a começar. Os adormecimentos às realidades duras e cruas proliferam por todo o lado. E alegremente seremos nós, povos espalhados pelos vários cantos do planeta, ainda que induzidos a tal, os principais alimentadores desta indústria.
Nuno Espinal