Não há incêndio florestal que se manifeste que não venham de imediato milhentas opiniões a asseverar que é “fogo posto”. Ou porque alguém viu um indivíduo a fugir logo após o fogo ter deflagrado, ou porque uma avioneta a voar baixo lançou materiais inflamáveis, ou porque são manobras políticas de adversários do governo da altura, ou até porque os bombeiros receberam uma carta anónima a ameaçar grandes incêndios na zona.
Ora, dizem estudos, que nem todos os incêndios florestais são resultado de uma intervenção direta e criminosa e que a grande maioria se deve a negligência, descuido e imprevidência humanas.
Parece ser este o caso do último grande incêndio que deflagrou no concelho de Arganil e que na zona de Coja consumiu uma vasta área de floresta.
Segundo o Diário de Coimbra, na sua edição de 12 deste mês, em artigo de Manuela Ventura, «madeireiros são suspeitos do fogo que afligiu Coja».
Diz este diário que o incêndio «terá sido provocado pela atuação negligente de madeireiros que se encontravam a operar no terreno. Em causa estão dois homens, de 31 e 45 anos, respetivamente patrão e empregado, que foram identificados pelos investigadores da Polícia Judiciária e constituídos arguidos».
Diz ainda o “Diário de Coimbra” que «numa altura – 12h30 – em que as temperaturas eram particularmente elevadas, com uma humidade especialmente baixa e um vento muito forte, a ação da motosserra revelou-se “explosiva”. De acordo com os dados dos investigadores, o escape deste equipamento, usado pelo funcionário para abater as árvores, terá começado a incendiar a vegetação mais rasteira, sem que os dois homens se apercebessem da situação e quando deram “por ela” já tinham atrás de si um incêndio ativo, que ganhou grande dimensão, mobilizou mais de 500 combatentes e chegou a ter uma fente ativa com cerca de 21 quilómetros».
Nuno Espinal