No desenrolar do enredo da vida, dois fenómenos que reputo de relevantes marcaram-me as vivências da infância e de tempos mais recentes.
Fui instruído, quando na escola primária, para a contemplação de um superior Portugal, no confronto com outras nações, Portugal este que era, ao que se dizia nas propagandas do regime, admirado em todo o mundo e governado por um estadista respeitado.
Por outro lado, nesse tempo, em contraste com este pico virtualizado, a nossa autoestima, no reino do futebol, era reduzida, perante cabazadas sofridas e ausência de resultados a contento.
Entretanto, os saberes adquiridos com os anos deram-me a perceber quanto fraudulento nos tinha sido o conhecimento e informação induzidos.
Salazar? Em vez de admirado era odiado. Portugal? Ainda que grande em períodos do passado histórico, era, nos informativos mediáticos ao tempo, insignificante e até desconhecido.
Mas, ao contrário do Portugal político, ganharia relevo, por razões bem positivas, o Portugal do futebol. Emergiriam, com os anos, grandes jogadores e grandes seleções nacionais.
E coloca-se a pergunta. Que escolha entre os ganhos de um e outro fenómeno? Opto por um país superior e melhor, no progresso e estabilidade económicos.
Mas, cuidado! Neste momento de ansiedade futebolística, esta afirmação poderá não ser a politicamente correta, podendo até ser mesmo desoportuna.
Por isso e resguardando-me a beliscos, aqui deixo dois desejos em um: Que Portugal caminhe para um maior progresso económico e justiça social e que a nossa seleção venha a ser a melhor de todo o mundo. Para já, que venha o título de campeão da Europa!
Nuno Espinal
Foto: Internet