Às sete da manhã, hoje, o sol já lambia telhados da velha aldeia. Ao jeito de saudosos Junhos, o dia promete.
Viajo nesta teimosa atração para o passado.
Logo pela manhã o chafariz moldava-se de cântaros. Nas fazendas as fragâncias do fresco da manhã à mistura com temporãs suores da enxada. Pés descalços pisam a gravilha onde chiam rodas molengas dos carros de bois.
-Bom dia tia Júlia, bom dia ti Abílio, bom dia ti Eugénia, bom dia, bom dia, bom dia…
-Bom dia menino…
Ainda lhes oiço, a todos, as vozes nos ecos da saudade…
Hoje, nos meus cúmulos de sexagenário, divido-me, nos desejos e preferências, entre os lirismos prazerosos dessas ruralidades de então e os tempos correntes que vivemos, (mau grado a crise) apropriados de justos benefícios e outras comodidades.
E aceito, sem pestanejar o que me reclama a ideologia política: O aplauso ao presente.
Mas, amigos, as recordações, por mais voltas que dê, vivem comigo dia a dia…
Nuno Espinal