Montículos de gente, em frente de televisores, assistiam ansiosamente ao Portugal Alemanha.
Vi-o de um lado para o outro, parando aqui e acolá, dizendo algo.
Aspeto pobre, maltrapilho mesmo, parecia agitado.
Também a mim se dirigiu.
Nós somos portugueses, não temos culpa. Somos portugueses…
O mesmo comentário repetiria a outros. Transportava uma minúscula bandeira de Portugal, que apertava apaixonadamente, com rasgões e amarrotada.
Portugal perdeu. Vi-o afastar-se acabrunhadamente, vergado de tristeza.
Do pouco que a vida lhe dá, desta vez nem este contentamento.
Ontem lá nos sorriu a vitória.
Lembrei-me dele. Quanto não mereceu esta vitória!
Nuno Espinal