Peço perdão do atraso, mas aqui fica uma homenagem às crianças, futuro da humanidade e que cada vez menos se encontram em terras do nosso "interior lusitano".
Se me virem correr sem direcção
Perdido, alucinado, já sem esperança
Não tenham pena! Não quero o perdão
De quem matou em si cada criança.
Se ouvirem rugir por entre os molhes
De um qualquer porto, num outro lugar,
Sou eu, a vaga enorme em que te acolhes.
Sou eu, levante em fúria a rebentar.
Se ouvirem chorar por trás da porta
De uma qualquer casa onde eu morava
Não batam! Vão embora!... já está morta
A força que outrora sobejava.
Se me virem jazendo, abandonado,
O corpo já sem vida, lá ao fundo
Afastem-se de mim, passem ao lado
Que matei a criança do meu mundo...
Silvino Lopes
Foto: Silvino Lopes e irmã