-A questão que parece presidir na tomada de posição sobre a opção mais valorativa nas obras de requalificação da “escadaria da igreja do convento” é o respeito que nos poderá merecer a intensão original sobre o material utilizado na construção daquela escadaria.
Mas, mesmo que seja afiançado e provado que originalmente estava prevista a construção da escadaria da igreja com muros revestidos a argamassa e pintados de branco, este argumento não subleva, em meu entender, o que sustenta a manutenção da escadaria com o seu visual em pedra de xisto:
--A construção da escadaria é de 1870 e não está direta e, muito menos, temporalmente associada à construção da Igreja, sendo a construção desta muito anterior àquela data.
- Daí que o argumento de que as construções de templos religiosos datados àquele período seguissem o princípio da utilização de materiais que, a final, eram pintados de branco, parece destituído de assentimento, face à diferenciação temporal referida e na ausência de ligação imediata e direta entre construção da igreja e construção da escadaria.
-De facto, a construção da escadaria é obra do povo, especificamente da Irmandade da Santa Casa, com o intuito de permitir a acessibilidade à igreja por parte da população de Vila Cova;
-Mesmo que se admita que originalmente houvesse a intensão ou mesmo que se tivesse verificado na finalização da obra a utilização de material como argamassa em sobreposição à pedra de xisto e a pintura a branco, como resultado final, o certo é que a principal e relevante caracterização da obra não deixaria sempre de ser a pedra de xisto.
-De resto, era na escadaria da igreja do convento que residia a principal e quase única prova visível a olho nu da razão de Vila Cova de Alva estar integrada na “rede de aldeias do xisto”.
-É o escondimento desta caracterização que se critica e condena, até porque desnecessária e sem motivos de mais-valia no seu resultado final.
-Por outro lado, esteticamente, perde-se um valor que era motivo de elevação de Vila Cova, admiração dos seus visitantes e orgulho dos Vilacovenses.
-E agora? Sobre a defesa da visualização do xisto na “escadaria da igreja do convento” o que há a fazer? Latinizando a resposta só me surge esta corrente expressão: aeternum vale, ou seja, adeus para sempre…
Nuno Espinal
Foto: de uma coleção de 1932