“A sua bênção meu pai”, “Deus t’ abençoe meu filho”, “Viva ti João”, “viva menina”, ...
Já lá vão uns bons pares de anos quando ainda se ouviam, em Vila Cova e demais lugares, estas saudações, típicas das relações interpessoais de então. Os mais velhos eram saudados com o respeito e reverência que os costumes e sentimentos desses tempos lhes, justamente, conferiam.
Os tempos mudaram e na mudança dos tempos a perceção de quão diferentemente os mais velhos são hoje considerados. A “velhice” perdeu não só o estatuto reverencial com que era tratada mas, e o que é grave, o respeito sublime que socialmente colhia.
Hoje, os reverenciais cumprimentos e os manifestos respeitos vão inteirinhos e exclusivos para titulares de poderes. Poderes dos mandantes, dos ricaços, dos que são potenciais disponentes de cunhas e coisas quejandas.
Reverências cínicas e hipócritas, dir-me-ão. Pois, até será verdade. Mas, para todos os efeitos, reverências.
Nuno Espinal