publicado por Miradouro de Vila Cova | Quinta-feira, 09 Fevereiro , 2012, 20:17

“A sua bênção meu pai”, “Deus t’ abençoe meu filho”, “Viva ti João”, “viva menina”, ...

Já lá vão uns bons pares de anos quando ainda se ouviam, em Vila Cova e demais lugares, estas saudações, típicas das relações interpessoais de então. Os mais velhos eram saudados com o respeito e reverência que os costumes e sentimentos desses tempos lhes, justamente, conferiam.

Os tempos mudaram e na mudança dos tempos a perceção de quão diferentemente os mais velhos são hoje considerados. A “velhice” perdeu não só o estatuto reverencial com que era tratada mas, e o que é grave, o respeito sublime que socialmente colhia.

Hoje, os reverenciais cumprimentos e os manifestos respeitos vão inteirinhos e exclusivos para titulares de poderes. Poderes dos mandantes, dos ricaços, dos que são potenciais disponentes de cunhas e coisas quejandas.

Reverências cínicas e hipócritas, dir-me-ão. Pois, até será verdade. Mas, para todos os efeitos, reverências.

 

Nuno Espinal


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