Agosto é mês, em Vila Cova, em que revejo velhos amigos de tempos da juventude. A noite proporciona ambiente adequado a encontros e tertúlias. Reforçamos laços de afetividade através de diálogos, de conversas, em que de tudo se fala e tudo se discute.
Entretanto vem Setembro, as noites já refrescam, acontece a debandada para as cidades e retorna o velho silêncio nas ruas da terra, a ausência.
Em cada casa, a televisão é íman das atenções. Cá fora absoluto vazio. E dentro da casa de cada um?
Não questiono a valia da televisão que, num contexto geral, chega ao domínio público com uma profusão de informação variada, o que antes do seu surgimento não existia.
Mas a televisão é um meio de interação mediada. Por si só não chega. Estende-se através do tempo e do espaço, mas não liga os indivíduos diretamente. Tem um só sentido. Comunica-nos informação, torna-nos recetores passivos dessa informação. È insuficiente. Pode até ser manipuladora. Daí que, por vezes, precisemos de mais. Receber a informação e propiciá-la ao debate, à controvérsia.
Agosto já lá vai. Setembro está quase. Em casa, à noite noticiários da TV, analistas da TV. Por isso, quantas vezes não vou precisar do telefone e de um desses meus amigos das noites de Agosto em Vila Cova?
Nuno Espinal