Nós, companheiros do grupo da "malta de 60”, das férias grandes de Vila Cova, nada ou quase nada sabíamos do Abílio Pinto. Apenas que vivia em Braga, onde leccionaria. Tentámos saber-lhe do paradeiro certo, tentámos que estivesse nos nossos encontros. Em vão. Tentativas sem resultado. Até que agora, finalmente, deu à costa. Uns dias de descanso em Vila Cova e a natural procura de amigos e recordações. Ele, o companheirão Abílio. Quase cinquenta anos passados, mas permanece com o mesmo sorrir travesso, a mesma simpatia. Foi bom revê-lo, foi bom abraçá-lo.
Passava o ano de 65 e ei-lo rumo a Angola onde se juntaria a pais e irmão, o saudoso Eduardo. Tinha quinze anos de idade, deixava Vila Cova, deixava os avós, o Tio João Caldeira e a Tia Virgínia. Deixava ainda o Seminário, já que decididamente teria percebido que a vida de padre não seria para ele. Fez-se à vida, estudou, concluiu o então 7º ano, arranjou emprego, casou.
As turbulências da independência de Angola forçaram-lhe o regresso a Portugal. A esposa, Ana Maria, seria então mãe, já em Braga, de um primeiro filho do casal. De novo a luta pela vida, um segundo filho, empregos e o Abílio, com empenho e perseverança, continuou os estudos e concluiu a licenciatura em História. Professor do secundário em Braga, fez todo um percurso como docente, até que há cerca de dois anos se reformou.
Hoje o casal, a Ana Maria também está já reformada, faz uma vida tranquila, “com os filhos arrumados” segundo a própria terminologia do Abílio. Um, o mais velho é engenheiro no ramo da mecânica e o outro licenciado em comunicação social. Agora sentem-se “dispensados”, expressão ainda do Abílio, para poderem usufruir dos seus tempos e aproveitá-los nas serenidades e fruições merecidas da vida.
Vila Cova a partir de agora está-lhes na calha. Ao próximo encontro da “malta” não vão faltar. E como todos nós vamos ficar felizes de ter o Abílio entre nós.
Um “efeérreá” para ti Abílio!
Nuno Espinal