Hoje tenho uma tarefa a cumprir. Fazer o presépio. Uma tradição que mantenho, haja ou não crianças. Natal para mim é Natal e prezo estar nele o mais que posso. Por isso, aí vou eu ao musgo e, logo depois, com meia dúzia de figuras comporei o universal quadro da cabana. O São José, a Virgem Maria, o Menino, as vaquinhas bem pertinho do berço, com o calor do seu bafo. Ah!, claro e os Reis Magos e ainda a estrela a cintilar por cima da cabana.
Mas, qual quê? Bem me esquecia. O presépio já o tenho feito, totalmente feito dentro de uma caixa. Um complexo estilizado, com todos os ingredientes. Uma peça diferente, com alguma arte, asseguro-vos. É só pegar no objecto, e zás! Aí estão o presépio e os seus personagens, tudo já montado.
Pois é! Como tudo mudou. Até os presépios já não são o que eram. Aquelas figurinhas toscas, com caras humanas a parecerem focinhos e focinhos a parecerem cara de gente, de gente maior que casas, com pontes por cima de poças de água, o berço do Menino com fitas de bolacha sortida, algodão a fazer de neve e prata de chocolate a fazer de riachos… tudo isso, meus amigos, já pertence às calendas.
Agora é vê-los… os presépios. Figuras grandalhonas, bem feitinhas, bonitinhas. Até o musgo. Qual musgo? Uma coisa a fazer de musgo!…
Como o presépio mudou!... É a vida. Como Camões dizia, afinal “todo o mundo é composto de mudança”. Até eu mudei e quanto mudei na idade.
Mas dos presépios tantas saudades!... Tal como eles eram então. Da sua fantasia. Ah! A fantasia. Mas o Natal é fantasia. Gente de paz, de amor, de boa vontade, de solidariedade…
Fantasia! Fantasia!...
Nuno Espinal