Hoje retorno aos almoços das quartas-feiras. Admito que haja quem diga “já chega, deles já foi falado quanto baste”. Compreendo e nem vacilo quando digo que concordo. Só que, deste último almoço, elejo um motivo peculiar, uma singularidade que me parece ser de destacar.
Trata-se da presença de alguém que entre nós todos, os convivas das quartas-feiras, tem algo que o diferencia. Aparece, nos nossos almoços, de quando em quando e quando aparece é sempre saudado com cumprimentos e carinhos especiais.
Refiro-me ao Sr. Silvestre Cerejeiras. E sabem a razão? É que o Sr. Silvestre Cerjeiras é um humano que do destino recebeu a graça de uma longevidade já centenária.
Cento e dois anos é idade para poucos, muito poucos mesmo. E a avaliar pelo estado de saúde do Sr. Silvestre é de prever que possa a atingir o lote raríssimo dos chamados supercentenários.
Come de tudo, sem restrições e sem excessos. Por exemplo, o nosso bucho de Vila Cova é pitéu que não dispensa. Um bom tinto sempre a acompanhar o almoço e o remate final de um café, seguido de um wisky.
Conta-nos histórias antigas. Ainda recorda momentos circunstanciados à 1ª Guerra Mundial e, hoje, ouvimos-lhe episódios que ele próprio viveu nesses tempos.
Depois meteu-se numa suecada e demonstrou, nesta arte das cartas, saber e mestria de um verdadeiro ás.
Quanto a mim, pelo que vejo e sei, sou forçado a admitir de que estou bem aquém destas potencialidades do Sr. Silvestre! E são quase quarenta anos de diferença.
Parabéns Sr. Silvestre!
Nuno Espinal
(O Sr Silvestre Cerejeiras na foto de cima com o sobrinho neto, Sr. Alexandre Cerejeira)