Num concelho de pouco mais de 13.000 habitantes, dominado por meia dúzia de localidades as quais sobressaem devido a um núcleo populacional mais elevado, como seja, para além de Arganil, entre outras, Côja, há acontecimentos que vão ganhando popularidade entre a população, ainda que possam ser rotineiros e banais. Por exemplo, os almoços das quartas-feiras organizados por um grupo de amigos, almoços estes já conhecidos entre a população de Côja e arredores, até porque já acontecem há mais de quinze anos.
Realizados, quase sempre, em restaurantes de Côja e cercania, estes almoços, que podem ser definidos como um ponto de encontro de amizades e confraternização, fazem parte de um certo ambiente típico na região.
Uma vez ou outra acontecem em locais diferentes. Foi o caso do último, que assentou tachos e panelas na aldeia do Valado.
Mas qual a razão de um mero almoço no Valado ser destaque do Miradouro?
Ora bem, há um motivo que se assume como principal causador deste apontamento. É que a família mais numerosa de Vila Cova, a família Lourenço, é toda oriunda do Valado, por via do casal Armando e Preciosa Lourenço, já falecidos.
Claro que, por via da família Lourenço, e da relação Valado/Vila Cova, falou-se, durante o almoço, e muito, da nossa terra.
E numa altura em que a generalidade das localidades continua em perda de população, há que dar graças a todos os que ainda permanecem e sustentam alguma da vida nas nossas aldeias.
Por isso, graças póstumas sejam dadas ao casal Lourenço que deixou sementes que frutificaram homens e mulheres dos tais que continuam agarrados à vida na nossa aldeia.
É evidente que o bem de uns é por vezes o mal de outros. A sangria no Valado tem sido enorme, cedendo população a outros centros populacionais, em especial Almada.
Hoje, no Valado, o número de habitantes, que já foi de uma centena, é, pasme-se, de três alminhas.
Três alminhas que têm, no entanto, uma enorme ventura. Vivem numa relação brutal com a natureza, num cercador de montanhas imperiosas e deslumbrantes.
Um abraço ao Sargento Santos, também ele do Valado, a viver actualmente nas Casarias e organizador deste almoço. Há momentos vividos que serão sempre benfeitorias no baú das nossas memórias.
Nuno Espinal
Fotos: António Carvalhais