Há uma saudável vozearia que nos chega, vinda da Várzea, cá acima à Vila, já noite feita. De dia, percebe-se, pelo aparato das tendas, dispostas em círculo, que se trata de um acampamento.
E de facto assim é. São jovens que acampam, sob a égide do Camtil, uma Associação de Campo de Férias, que recebe associados de todo o país e que proporciona a jovens, desde os 9 aos 17 anos, a possibilidade de se reunirem, durante vários dias, entregues a actividades lúdicas e culturais.
Os que têm Vila Cova como destino estão distribuídos por três grupos etários de treze, catorze e dezassete anos.
A Várzea da Vila é para eles um encanto. “Longe de confusões”, têm o rio aos pés e uma vista surpreendente de verde, que cresce em colina e onde se estende o casario de Vila Cova.
A população? Espectacular, sempre pronta a ajudar. O Grupo Desportivo, por exemplo, disponibilizou uma arca frigorífica, que muito jeito lhes faz nestes dias marcados pela vaga de calor.
E pronto. Até finais de Agosto por cá permanecerão. E vamos contar com as suas cantorias, batuques e alegria.
Nuno Espinal/Manuela Antunes
Claro que a agricultura de subsistência, na nossa zona, já é das calendas. Mas há produtos sacados à terra que ainda fazem parte das lavouras de muitas famílias. A batata é um deles.
E, em pleno período da sua apanha, a paisagem dos campos é salpicada por grupos que, no estorrico de um sol escaldante, a arrancam, para depois a ensacarem.
A lavoura, nos trabalhos em que maior quantidade de braços é precisa, é feita em partilha, em entreajuda.
Junta-se a família, acrescida de amigos, hoje na minha fazenda, amanhã na fazenda de um amigo, de outros amigos.
E vão-se repetindo os ciclos, ainda que, nos seus preceitos, usos e práticas, com adaptações às circunstâncias.
Há, para alguns, uma nostalgia do que era em outros tempos. E, para outros, o que é hoje há-de ser nostalgia em tempos do devir.
Nuno Espinal
Hoje retorno aos almoços das quartas-feiras. Admito que haja quem diga “já chega, deles já foi falado quanto baste”. Compreendo e nem vacilo quando digo que concordo. Só que, deste último almoço, elejo um motivo peculiar, uma singularidade que me parece ser de destacar.
Trata-se da presença de alguém que entre nós todos, os convivas das quartas-feiras, tem algo que o diferencia. Aparece, nos nossos almoços, de quando em quando e quando aparece é sempre saudado com cumprimentos e carinhos especiais.
Refiro-me ao Sr. Silvestre Cerejeiras. E sabem a razão? É que o Sr. Silvestre Cerjeiras é um humano que do destino recebeu a graça de uma longevidade já centenária.
Cento e dois anos é idade para poucos, muito poucos mesmo. E a avaliar pelo estado de saúde do Sr. Silvestre é de prever que possa a atingir o lote raríssimo dos chamados supercentenários.
Come de tudo, sem restrições e sem excessos. Por exemplo, o nosso bucho de Vila Cova é pitéu que não dispensa. Um bom tinto sempre a acompanhar o almoço e o remate final de um café, seguido de um wisky.
Conta-nos histórias antigas. Ainda recorda momentos circunstanciados à 1ª Guerra Mundial e, hoje, ouvimos-lhe episódios que ele próprio viveu nesses tempos.
Depois meteu-se numa suecada e demonstrou, nesta arte das cartas, saber e mestria de um verdadeiro ás.
Quanto a mim, pelo que vejo e sei, sou forçado a admitir de que estou bem aquém destas potencialidades do Sr. Silvestre! E são quase quarenta anos de diferença.
Parabéns Sr. Silvestre!
Nuno Espinal
(O Sr Silvestre Cerejeiras na foto de cima com o sobrinho neto, Sr. Alexandre Cerejeira)
São quase 19 horas. A acção das avionetas, que estãoaparcadas na pista de Coja, parece ter sido decisiva para que o fogo, que se avistava de Vila Cova e se presume que lavrava para os lados de Pinheiro de Coja, fosse extinto.
Um fumo branco, sinal de que o fogo foi apagado, paira sobre Vila Cova, deixando o cheiro típico de rescaldo de incêndio.
Resolvido este caso, mantêm-se, contudo, as preocupações, perante as previsões de mais dias quentes.
Ainda assim, a proximidade dos aviões na pista de Coja sempre vão atenuando compreensíveis receios.
Avistam-se novelos negros de fumo que são indícios de incêndios. Ouvem-se e avistam-se aviões e helis, que despegam da pista de Coja, num constante vai e vem, na tentativa de mitigar e apagar os fogos.
Um dos fogos, dizem, é na zona do “Cantinho da Saudade”, restaurante situado na Estrada da Beira, na localidade da Venda do Porco.
Habituados que estamos a ouvir este tipo de informações, nem sempre conformes com a realidade, deixamo-la com reservas.
O que ninguém duvida é do calor abrasador que se faz sentir. Eram três horas da tarde, o termómetro do carro marcava 46 graus.
Dizem os meteorologistas que este calor é para continuar. O que nos deixa a todos preocupados pelas potenciais consequências.
A ver vamos o que vai acontecer.
As coisas parecem estar complicadas para o Grupo Desportivo Vilacovense. E bem podiam pôr um cartaz com os seguintes dizeres: Direcção procura-se. Só que ninguém aparece. Ou, pelo menos, até agora ninguém apareceu.
Ora, em fim de mandato os actuais dirigentes pretendem ser substituídos, ao que se consta, nos cargos de maior responsabilidade. Comprometem-se, contudo, a continuar a ocupar cargos, desde que com menor responsabilidade.
Ao fim e ao cabo, a principal questão é. “Presidente da Direcção procura-se”. O actual Presidente, Sr. Carlos Antunes, que desenvolveu um óptimo trabalho, está cansado. Anos seguidos, sem fins-de-semana, aquando dos períodos de competição do Inatel, que pudesse dedicar a si próprio e à família. É altura de outro ocupar o lugar. Só que ninguém surge.
Sexta-feira passada esteve marcada Assembleia Geral para eleger os novos corpos sociais. Mas, nem lista a candidatar-se, nem um único sócio para votar. Daí que em breve se imponha uma nova Assembleia. Será que na próxima vamos ter fumo branco?
Nuno Espinal/Fábio Leitão
Na Foto (arquivo): Sr. Carlos Antunes
Mais uma obra escrita da autoria de Nuno Mata. Desta vez “Coja Roteiro de Visita”, um trabalho em que da sua lavra são também as ilustrações e fotografias.
A apresentação foi feita ontem, perante cerca de uma trintena de convidados, no “Clube de Vídio de Coja” e a obra, disponibilizada a quem a quisesse adquirir, foi desde logo elogiada pelo seu aspecto gráfico e ainda pelo prático manuseamento.
Dividido em vários itens como os da “heráldica da freguesia”, “património religiosos”, “património civil”, “património gastronómico” e ainda apontamentos sobre aspectos de interesse de localidades da freguesia de Coja, este bem urdido livrinho, quase de bolso, permite ao visitante um passeio documentado e orientado daquilo que é o essencial de uma visita turística.
Daí que, e correspondendo a uma marcada intenção, o livro não seja exaustivo na referências que tece, estando vocacionado para os que visitam despretensiosamente a vila de Coja e localidades do seu integrante autárquico.
Uma nota a registar, esta menos positiva retirada da intervenção de Nuno Mata. O seu lamento pelo total alheamento das Presidências da Câmara e Junta de Freguesia relativamente a este trabalho. Ao menos que previamente o dessem a publicitar nos respectivos “Sitios” da internet. Nem isso!
De facto!...
Quanto ao livro, para quem estiver interessado, pode ser adquirido no “Clube de Vídio de Coja”, que tem a exclusividade da venda.
Nuno Espinal
Causou algum sensacionalismo, no concelho, o desaparecimento de uma jovem do Salgueiral, em Pombeiro da Beira, sucedido há cerca de uma semana. Cartazes espalhados em localidades da região davam conta da ocorrência. Finalmente a jovem foi localizada e já se encontra em casa. O Diário de Coimbra, em artigo assinado por Manuela Ventura, relata assim toda a trama que envolveu esta jovem.
«Jessica Duarte, a jovem de 16 anos residente na localidade de Salgueiral, Pombeiro da Beira, foi localizada no Bairro do Loreto, em Coimbra, e regressou, ainda na madrugada de ontem, a casa com a família.
De acordo com Elisabete, cunhada da jovem, desde o seu desaparecimento, na tarde da passada sexta-feira, que a família e amigos se desdobraram em contactos, no sentido de descobrirem o menor rasto que pudesse indicar onde estava a Jéssica.
Um processo no qual o computador da jovem se revelou decisivo, uma vez que foi possível ali encontrar vários contactos, nomeadamente telefones e e-mails, bem como algumas fotos. De diligência em diligência, os familiares acabaram por chegar a um número de telefone e, a partir deste, a uma morada que os levou ao Bairro do Loreto, em Coimbra.
Uma operação “quase” policial que teve o seu corolário na noite de quarta-feira, perante o silêncio total da jovem que, garante a cunhada, «desde o desaparecimento, na tarde de sexta-feira, até à noite de quarta--feira, nunca contactou com ninguém». E o contacto surgiu, à noite, quando a família estava já em Coimbra, praticamente à porta do prédio onde supunham que a jovem estaria.
De acordo com Elisabete, o jovem com quem estava a adolescente de Salgueiral terá pedido a um amigo para se “fazer passar” pelo seu pai e, com este disfarce, ligou, cerca das 21h30, para Regina Duarte, mãe da Jéssica, no sentido de esta entrar em contacto com ele. «A minha sogra não ligou, mas deu-me o número e eu liguei, fazendo-me passar por ela».
Um telefonema no qual, diz Elisabete, o indivíduo confirmou que a jovem estava com ele, sublinhando que o fez de livre vontade, que estava bem e não queria voltar para casa. Elisabete ouviu e fez saber a vontade da família em vê-la, o que mereceu a concordância do seu interlocutor, acontecendo pouco depois.
De acordo com a cunhada, não se encontravam no apartamento cuja morada a família tinha, mas num outro, na mesma zona. «Fomos vê-la e trouxemo-la connosco para casa», refere ainda Elisabete, esclarecendo que o indivíduo com quem Jéssica se encontrava terá na casa dos 20, 20 e poucos anos.
Depois de uma passagem pela polícia, no sentido de proceder ao levantamento do auto, Jéssica regressou a casa com a família, «já de madrugada». «Ela não diz nada, só chora», refere a cunhada da jovem, preocupada com o seu comportamento, que ontem mesmo levou a família a procurar acompanhamento psicológico.
De acordo com Elisabete, a única referência certa para a família, ontem à tarde, poucas horas depois do regresso de Jéssica a casa, era o facto de a adolescente e o jovem do Loreto se terem conhecido através da Internet. «Havia fotos dele no computador dela», refere ainda a cunhada. Quanto ao encontro dos dois, «ainda não percebemos se ele a veio buscar ou se ela foi ter com ele». Mas, «o mais importante é o facto de ter sido encontrada sã e salva» e de regresso a casa.
Recorde-se que Jéssica Filipa Matias Duarte ficou em casa, a ver televisão, quando a mãe saiu, na tarde de sexta-feira. Pouco depois, quando Regina Duarte regressou a casa, não encontrou a filha e, na mesinha de cabeceira do quarto desta, encontrou um bilhete que dizia: “Mãe não me deixaste escolha. Gosto de todos. Quando vires este bilhete já estou longe. Gosto de todos. Adeus”. Mudou de roupa antes de sair de casa e, para além da carteira, apenas levou o telemóvel e uma escova de cabelo.»