De passagem por Lisboa, estaciono o carro no Parque dos Restauradores. Encontro um amigo, tempo havia que não nos víamos, e lá pusemos alguma da escrita em dia. Desaguou a conversa, nos acasos das conversas ao acaso, na questão tão actual dos casamentos “gay”. Liberais que somos nas ideias, sabíamos antecipadamente da nossa concordância sobre a questão.
Lá para os lados de Arganil, diz-me ele, a grande maioria do povo, quase que aposto, não concorda…gente conservadora…muitos preconceitos!
Sim é verdade, respondo-lhe em aquiescência, de facto muitos preconceitos…
Entretanto, resolvemos ir até um café, conversar um pouco mais. Caminhamos até à saída do parque e, meu Deus, caía chuva da de cântaros e potes. Sem chapéu hesitamos. Surge um vendedor ambulante e propõe-nos a solução. Cada chapéu de chuva nada mais que 5 Euros. Boa solução para um desenrasca, concluímos. Só que…
-São um bocado chapéus da gaja, não achas?
-Tens razão, respondo. Nem é que sejam muito, mas sempre têm um certo piquinho…e porra chapéu de chuva de gaja é que não.
Damos uma corrida, mas não nos safamos de ficar com o toutiço a pingar.
E lá nos sentamos num café, nós, homens de ideias liberais, a comentar, porventura, os preconceitos de outros.
Nuno Espinal