Frio, muito frio. Mas, nada de anormal. Afinal é Janeiro e, até agora, sem rudeza de registo. De resto, no aconchego da casa, uma boa lareira tudo resolve. Ah, claro, há o aquecimento central, o ar condicionado, o aquecimento a óleo e por aí fora.
-Ná, gosto mais do velho braseiro. E do que lhe recebo em calor do lume e calor da alma.
Daí que recorde tanto o escrito de um velho prato de loiça que meus avós tinham pregado numa parede da cozinha e que liam com tanto enternecimento, enquanto o caldo verde ia ganhando gosto numa temperada panela de ferro de três pés :
Eu não quero mais afectos
Que o calor d’uma brasa
E o sorriso de meus netos
À volta de nossa casa.
Nuno Espinal