É para mim um privilégio, pelo que de honrado me sinto, ser empossado no próximo Sábado como membro dos corpos sociais da Associação Ambiental Alerta. Sempre fui e serei sensível às questões ambientais e tenho trazido ao “Miradouro” abordagens que as destacam, quer quando se inserem numa dimensão que é de todos os lugares deste mundo, quer quando se referem particularmente ao que ocorre em espaços que nos são próximos e até “intra muros”.
Entretanto, a necessidade de conservar a natureza não é alheia, bem pelo contrário, à defesa do ambiente, já que um ambiente agredido afectará sempre a natureza, pela introdução de elementos antrópicos, os quais lhe são hostis.
É por isso que referimos a decisão da Câmara de Arganil de candidatar o espaço da “Fraga da Pena” a um concurso que elegerá “as sete maravilhas da natureza em Portugal”, salientando a relação entre natureza e ambiente, ainda que a natureza adquira aqui uma perspectiva redutora, que se fica pelo imediatismo da paisagem. A natureza tem de facto um mais lato conceito, que está para além da paisagem, paisagem quando especialmente apelativa ao sentimento estético. A própria palavra “maravilha” utilizada no título do concurso remete para uma restrição do conceito natureza e suscita as candidaturas à apresentação de meros modelos paisagísticos, na tal perspectiva de apreciação estética. Contudo, nada a reprovar porque quem ditas as regras deste concurso assim o quis. E, “en passant”, nada a reprovar relativamente à escolha da Câmara, já que a “Fraga da Pena” até recolhe total consensualidade, assim o julgo, em termos de apreciação estética, de entre os munícipes.
Mas, o que importa salientar é que mais que a paisagem, na sua impressão imediatista e meramente visual, há que defender a natureza na sua envolvência mais lata, em plena consciência da defesa e aplicação de princípios ambientais.
Mas aqui há défices de intervenção que se imputam às autoridades e comportamentos censuráveis que responsabilizam o próprio cidadão. E desgraçadamente, perante a nossa impotência, atitudes deploráveis dos grandes poderes deste mundo. A recente cimeira de Copenhaga é, nos seus resultados, um verdadeiro drama para a humanidade.
E recresce a apreensão: Que vai ser do futuro deste planeta azul?…
Nuno Espinal