Crónica do jogo mais tarde
Em cima: a Teresa Paiva, a Adelaide e a minha mãe. Em baixo: um tio meu Aristides e a esposa Laurinda. Ao lado a minha bisavó Maria Rosa e o meu bisavô António Costa, (pais do meu avô Álvaro) que eram de Casal de S. João. Ao lado o irmão de minha avó Maria dos Prazeres, o meu tio António.
(Legenda de Ercília Oliveira)
Ercília Oliveira enviou-nos uma nova foto, que nos espicaça a memória a um recuo de mais de cinquenta anos. Curioso o aspecto da Fonte de S. Sebastião, ainda sem os azulejos, que pouco tempo depois a haveriam de adornar, oferecidos e criados pela Srª Dª Maria Portugal.
Na foto também se dá pela ausência de dois pináculos laterais, recentemente roubados. Sabemos que o falecido Presidente da Junta, Sr. Alfredo Lourenço, tinha ideia de os reconstituir, tanto mais que nesse sentido, e a seu pedido, lhe cedemos fotos da Fonte, a fim de que a recriação dos pináculos fosse o mais aproximada possível.
Manifestamos aqui a nossa expectativa de que a actual Junta de Freguesia tenha, nos seus planos, a mesma intenção.
Nuno Espinal
O número inusitado de comentários surgido ultimamente no bloco “Notícias”, a maioria deles anónimos, conduziu o nosso habitual leitor e por vezes colaborador, Sr. José Carlos Gabriel, ao seguinte apontamento, enviado para o espaço “Nas Tílias à Conversa”.
Tenho tentado não dar muita importância aos comentários ANÓNIMOS que aparecem no Portal da Santa Casa da Misericórdia, mas sinceramente começo a achar que são em demasia.
Novamente as guerras políticas e o se tentar resolver questões pessoais num portal que em nada serve para isso, a menos que eu esteja enganado pois sempre pensei servir para divulgar a terra.
Poderão pensar esses mesmos comentadores anónimos quem sou eu para tecer algum comentário aos mesmos?
Sou um comentador registado e descendente de um filho da terra que em vida tanto deu para elevar o nome de VILA COVA DE ALVA e que herdou do mesmo um grande carinho por esta terra.
Para quando o não ser permitido fazer comentários sem que se esteja registado?
José Carlos Gabriel
Logo a seguir, e no mesmo espaço, o Coordenador Técnico do “Miradouro”, Sérgio Brás, respondeu assim:
O ideal realmente seria os comentários serem só para registados, mas a secção de “Noticias” assenta na plataforma dos “Blogues do Sapo”, e aí não conseguimos restringir aos registados no Miradouro.
Ora, era deduzível que o assunto, perante esta resposta e a evidência que realçava, terminasse aqui. Contudo, e na sequência de referências, estas privadas, que me foram feitas, no sentido de, previamente, serem censurados os comentários enviados ao espaço “Notícias”, através da prorrogativa de moderação de que dispõe qualquer administrador de blogues, possibilitando, neste caso, o impedimento de serem publicados os comentários não assinados, ou seja os comentários enviados anonimamente, torna-se conveniente divulgar o seguinte:
Em Janeiro de 1997 o Miradouro, “na lógica de incentivo de uma maior interacção com os que nos visitam” possibilitava que os seus leitores, sem quaisquer reservas “comentassem todos os artigos publicados”. Contudo resguardava-se ao direito de pôr em acção medidas adequadas, ou seja banir um qualquer comentário, no caso em que “afrontasse a dignidade e o respeito” que individualmente a todos são devidos.
É neste registo que temos agido e vamos continuar a agir relativamente aos comentários recebidos nas publicações do “Notícias”, sendo ou não assinados. De resto, a assinatura em um comentário do blog pode nem ser de todo fidedigna, por ser passível de não corresponder a uma verdadeira identificação, quer pala utilização de um nome fictício, quer pela utilização, até, de um nome de outrem.
Estaremos atentos.
O Coordenador Geral do Miradouro, Nuno Espinal
Da esquerda para a direita:
1ª fila: Prof. Carvalhais, Sr. Silvestre (101 anos!), Sr. Cerejeira, Sr. Piçarra, Sr. Augusto Calinas;
Topo da mesa: Coronel Vitória;
2ª fila: Sr. Zé Carvalho, Sr. Manuel Dias, Dr. Cosme, Eng. Pinheiro e eu próprio.
Somos, de facto, inatamente, seres sociais. E, porque o somos, há coisas de que não prescindimos, que se nos colam, que aparentando uma mera rotina, um quase cumprir calendário, são muito mais do que isso, são um espécie de um estar necessário, uma espécie de belisque a nós próprios, de que estamos e de que queremos estar estando com outros.
Eis-me a básica razão que me faz correr, sem hesitações e de ânimo alteado, para os, já famosos, almoços das quartas feiras. Lá estou sempre, por vontade própria, sem qualquer obrigação.
Começou esta tertúlia, das quartas feiras, com um grupo de seis, já lá vão cerca de quinze anos: Eng. Mendes Ferrão, (já falecido) Dr. Cosme, Eng. Pinheiro, Zé Carvalho, Fernando Oliveira (já falecido) e Eduardo Pereira (já falecido).
Entretanto, ao longo dos anos, ocorridas algumas saídas, o grupo cresceu, com várias entradas, todas elas por convite dos que estão. Eu, por exemplo, fui um dos que entrei já lá vão sete anos. E, tal como outros convivas, dou por abençoado o convite e digo mesmo, em tese de abono, que nunca falho um almoço.
É que sabem bem aquelas horas de animada convivência. Conversa-se, colhem-se novidades, dizem-se opiniões, põe-se a palrice em dia e, em rescaldo, fica o espírito com calibres para certos enfrentes das circunstâncias da vida.
Ah! E já agora a talho de foice! Em universo de pluralidade partidária, não se evitam discussões políticas. Sem azedumes, em tom sério quando é caso, mas, por vezes, em perfeita galhofeira.
Quem me dera que assim fosse noutros sítios que eu cá sei!...
Nuno Espinal
Em 13 de Junho de 2007 publiquei um texto, que titulei de “Em dia de Santo António”, acompanhado de uma foto, sobre a qual referia o seguinte:
Os noivos são Isabel Oliveira (filha de Abel de Oliveira, falecido, e Alice Gouveia - os dois na foto) e Alfredo Sousa. A foto foi tirada em Moçambique, em 1967. Reconhecem-se muitos vilacovenses no grupo, entre outros, António Parrana, Padre Januário, Manuela Cruz, Artur Leitão, Jorge Gonçalves, Alfredo Lourenço, actual Presidente da Junta, Eng. Alexandre Cruz, Prazeres de Oliveira e outros que não identificamos. Quem o fizer que nos informe. Publicaremos de novo a foto com o nome de todos os presentes.
Ora, vem agora a Ercília Oliveira referir outros nomes (nunca é tarde) que ela identificou na foto. Obrigado Ercília (permita que a trate assim) e aqui fica, sobre a foto, o texto que nos enviou.
Prazeres de Oliveira era a minha avó materna casada com Álvaro Nunes da Costa meu avô, em baixo, de camisa branca. Ao lado da minha avó materna (vestido preto de meia manga) está a minha mãe Maria Lucília e atrás, de óculos, o meu pai Mário Correia. Ao lado a esposa, Maria Emília, do meu padrinho Neves. A sua filha, Manuela, que é minha madrinha de baptismo, está em baixo com roupa clara. Abel era irmão da minha avó materna, de Adelino, antigo maestro da filarmónica de Vila Cova, e de António. Como vê tenho muita família
Nesta foto não sei se a minha mãe já não estaria grávida do meu irmão Fernando.
A mãe da minha prima Natália do Convento era irmã da minha bisavó materna Maria da Glória, mãe da avó Maria dos Prazeres.
Nuno Espinal
As noites amenizavam as tardes de canícula e eram chamativas a momentos a céu descoberto, na procura do reconforto da fresquidão e de alguma cavaqueira naquele grupo de vizinhos.
Era assim, mal Junho rompia, depois Julho por inteiro, até meio de Agosto, ou ainda, por vezes, mas já raro, um ou outro dia
Sentados na tábua incrustada na parede fronteira da velha casa de xisto da Ti Júlia e do Ti Abílio, e num ou outro mocho para a circunstância ali colocados, lá estavam, a acrescer aos anfitriões, o meu avô Quinzinho e a minha avó Olímpia, o Tio Manel Antunes e a Tia Conceição, o Tio Zé Fidalgo e a Tia Eugénia, a Prima Isaíra (era assim que a tratava) e a Dª Lúcia (professora).
Todos septuagenários, gente de valores, de princípios, de virtudes.
Conversavam de correntezas, do que vinha na “Comarca”, no “Amigo do Povo”, do que um ou outro tinha ouvido no noticiário da Emissora…
Mas era a Natureza e as suas principais referências que dominavam, invariavelmente, estes avisados tagarelares. A chuva que já teimava em não aparecer…a lua cheia que prenunciava, por tão limpa, a continuidade da seca…uma trovoada que podia surgir para dar cabo do pouco que ainda se aproveitava…
Quis o acaso, um dia, que em final de tarde estivesse na companhia da ti Júlia. Fazia “renda”, ia comigo conversando. Desenhou-se, entretanto, um pôr de sol magnífico. Tons avermelhados na barra, chilreios da passarada, uma toada serena e doce.
Ia já o sol já no final do seu mergulho, a tia Júlia parou de rendar, quedou-se contemplativa e absorta do espectáculo…
Foi um momento sublime. Então pegou-me a mão e diz-me: “Oh menino, não é mesmo uma pena a gente morrer?”
Nuno Espinal
Um caudal de comentários chegados ao “Miradouro”, um ambiente pouco amistoso que perdura. No fim de contas, ainda o rescaldo da Autárquicas. E porquê?
O problema é basicamente este: ausência de debate que privilegiasse a discussão, em torno de questões que abordassem valores, ideologias, projectos colectivos.
E quando assim é, quando estão em causa, aparentemente, só interesses de ordem pessoal para uns tantos e se submergem interesses de ordem colectiva, a dicotomia óbvia que desponta é propícia à discussão que busca, nos fundamentos, o ataque torpe, maledicente, mesquinho, calunioso, boateiro.
Surge o sindroma dos “nós” e “eles”. Há uma categorização pessoal, as pessoas divididas em grupos, de um lado o grupo a que se pertence, do outro o grupo a que não se pertence.
Nesta categorização pessoal os “bons” estão no meu grupo, os “maus” no grupo a que não pertenço.
Glorificam-se os do meu grupo, satanizam-se os do outro. Desculpabilizam-se os do meu, recriminam-se os do outro. Bendizem-se os do meu, maldizem-se os do outro.
Neste jogo de antonímias, na ausência de fundamentos reais que o sustentem, recorre-se ao boato, à calúnia, inventam-se casos.
O cenário está criado, a crispação, o mal-estar colectivo tornam-se realidade.
Eu, por mim, não estou nessa. Censuro os principais instigadores da atoarda. Eles não são só de um grupo, do grupo dos outros, eles são também do meu grupo. E que cada um pense assim!
Calemos, pois, nas atoardas, os do nosso lado. Só assim silenciaremos, nas atoardas, os do outro lado. Isto aplica-se a todos, sejam desta ou daquela cor.
È tempo de pacificar, de construir. Debater, criticar construtivamente, sim! Denegrir, maldizer não! Porque Vila Cova precisa de nós, precisa de todos, precisa do que de bom há em cada um de nós.
É já bem tempo de dizer basta!
Nuno Espinal
Realizou-se ontem, na sede da Junta de Freguesia, o acto de instalação da Assembleia de Freguesia.
Foi bonito ver a população que correspondeu ao convite para estar presente na cerimónia e, após uma comovida romaria ao cemitério para homenagear o falecido Presidente da Junta, Snr. Alfredo Lourenço, se encontraram todos na Casa do Povo para um breve convívio oferecido pela nova Presidente da Junta de Freguesia, Dr.ª Cidalina Lourenço, com a contribuição de várias pessoas da freguesia.
Foram bonitos momentos de convívio que se tinham tornado mais completos se incluíssem as diversas cores políticas. Pessoalmente, senti a falta de muitas pessoas que, sei, se estivessem presentes, apenas serviriam para engrandecer o acto. Afinal, todos nos empenhamos no progresso da nossa terra e, sendo assim, o nosso objectivo é comum.
É importante pôr de lado animosidades, ódios antigos, críticas destrutivas, conversas de bastidores, difamações, etc, mas, essencialmente, mudar atitudes e comportamentos.
Nós somos o exemplo. E os nossos seguidores são os nossos filhos. Como podemos aceitar que eles cresçam num ambiente em que o mais importante e fundamental é denegrir quem não está de acordo connosco, quem não é da nossa cor política, quem tem a sua opinião e a expõe de modo correcto? Como podemos esperar que um dia eles participem correctamente e defendam inteligentemente os interesses da nossa freguesia se só o aprendem a fazer no insulto e na humilhação?
Na qualidade de Presidente da Assembleia da Freguesia, venho agradecer o carinho demonstrado para com este novo grupo de trabalho e esperar, que todos os que nele participam sejam dignos da confiança do povo de toda a Freguesia.
Na qualidade de semi-habitante mas totalmente amante da minha Vila Cova do Alva, proponho que se recupere a espontaneidade, a vontade colectiva de fazer coisas, o sentimento colectivo da época, nestes dias tão relembrada, da minha/nossa professora Gininha.
Margarida Figueiredo
Já está entre nós o Sr. Fernando Ribeiro, após ter permanecido algumas semanas nos Hospitais da Universidade em Coimbra, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica.
Desejamos-lhe continuação das melhoras.
Se me dessem a observar estas fotos, sem delas possuir quaisquer informações, nunca imaginaria que respeitavam a crianças de Vila Cova. Mas há um dado que é tributário para a identificação das imagens: As datas das suas captações. Sabidas estas, desvanecem-se, algumas, possíveis incredulidades.
Ora, no período em que as fotos foram tiradas, nos inícios da década de oitenta, ainda Vila Cova não estava marcada pelo êxodo demográfico que viria a ocorrer em período subsequente. O número de crianças, que então frequentavam a escola, andava em torno de quarenta, com predomínio de raparigas.
Por outro lado, vivia-se ainda, nesta altura, o frenesim, saudável no meu entender, do pós 25 de Abril.
Havia crença, havia vontade, havia motivação, não estavam ainda diluídos os resquícios de toda a explosão popular vivida com o 25 de Abril. O experimentalismo das coisas, já sem o cutelo da opressão, da censura supra institucional do antigo regime, era vivido, quantas vezes, com a criatividade expandida, depois de tantos anos tão reprimida.
O grupo artístico de crianças de Vila Cova é bem sintomático do fervilhar desse período. O empenho, dedicação, criatividade e percepção pedagógica da professora (Dª Georgina Fânzeres) foram, todos o reconhecem, impulsor indispensável.
Depois, muito se alterou. Ano a ano, ocorreu o êxodo populacional. Crianças, hoje, são poucas, sente-se a falta da sua vozearia, da sua alegria. Entretanto, foi-se perdendo espontaneidade, a vontade colectiva de fazer coisas, o sentimento colectivo de então.
Em contrapartida,organizam-se, em partidos políticos, nos dois principais partidos, grupos de interesses, de gente que se instala, domina e divide. O que neste momento é regra (com excepções, como sempre) é o que se sabe. Os interesses de grupos, de partidos, a preferirem os interesses das populações, os das terras.
Nuno Espinal
Fotos enviadas por Ercília Oliveira