Constato analogias entre os ambientes dos jogos do Vilacovense e os que são mostrados no programa de televisão “A Liga dos Últimos”. Cenas idênticas, o mesmo ambiente popular, momentos de comicidade, os bares de “bujecas”, os mesmos cromos, asneirolas a transbordar, enfim todo um folclore típico que bem pode ser definido nos genes que enformam o que é a nossa idiossincrasia.
Há dias o árbitro roubava em dois golos o Vilacovense. De tudo o homem era chamado. De palhaço, vigarista, ladrão, bandido, canalha e por aí fora. O ambiente já fervilhava, toda a minha gente barafustava.
Tenho, nestes ambientes, o hábito de andar “de aqui para ali”, sem parança, um tanto ao jeito de “voyeur”. Neste “pára/arranca” dou com alguém que conheço bem, uns anitos já puxados na idade, e logo aproveito para um desenferrujar de língua.
-Então amigo, o gajo está-nos a lixar… - digo-lhe
-Já viu isto? Aquele malandro já nos tira dois. Mas onde é que ele viu o guarda-redes fora de jogo? Só na cabeça dele. O guarda-redes fora de jogo?
Fiquei meio abismado e por momentos sem saber o que dizer. Mas lá me recompus e atalhei:
-Tem razão, tem toda a razão… o guarda-redes não estava mesmo fora de jogo…
Entretanto o Vilacovense marca mais um golo. Passa a vencer por dois a um. Abraços, comemoração, festa.
E, felizmente, desta vez, o árbitro não marca fora de jogo ao guarda-redes!
Nuno Espinal