Os dias, ainda de temperatura amena, têm-no permitido. Ali passam horas, conversam disto e daquilo, casas da Rua da Ribeira e árvores da Mata do Convento em cenário de fundo.
Todos os dias as cumprimento, por vezes com algum espaço para alguma cavaqueira, quase sempre as recordações.
“A sua mãezinha – era tão bem disposta! E o seu avô, o Quinzinho? Que jóia de pessoa. A sua avó, essa, era um bocadito mais torta! Lembra-se do meu homem? Aquilo é que eram tempos! Ai , tantas saudades, tantas saudades! "
Há dias não estava a Dª Isaura. Um problema surgido levou-a aos Hospitais da Universidade. Passou lá uma noite…
“Então Dª Isaura?”
“Felizmente, sinto-me bem. Parece que o pior, para já, passou. E fui muito bem tratada. Muito bem tratada. Médicos, enfermeiros, todo o pessoal, não podiam ser melhores! Gente boa! É verdade. Gente mesmo boa!”
Neste mundo de tanto dito maledicente juro-vos que me soube bem ouvir isto. Soube-me mesmo bem…
Nuno Espinal