Coitado do S. Martinho! Associam-no a castanhas, a água-pé, a jeropiga, a rambóia, até a dias de Verão, num muito variado léxico de coisas prosaicas, sem que, em concreto, quanto à sua virtuosidade e religiosidade nada seja dito! Pergunte-se a um dos mais devotos fiéis o que sabe do santo e a resposta não fugirá a associações àquelas imagens. Este Santo, de tão articulado a coisas de similitudes hedónicas, quase nem parece Santo.
Contudo, foi um homem, no seu tempo, de grande afirmação solidária. Acima de tudo amigo dos desprotegidos e dos pobres. E a tal ponto o foi que é hoje em França o Santo mais popular entre todos. Como que um Santo António dos franceses.
É por isso que ontem, dia de celebração do santo, em que se comem castanhas e se bebe vinho novo, água-pé e jeropiga o magusto dos utentes da Santa Casa fez todo o sentido. Celebravam, é certo, a Tradição. Mas, neste dia 11 de Novembro a Tradição é S. Martinho. E S. Martinho é Solidariedade.
Nuno Espinal