Um caudal de comentários chegados ao “Miradouro”, um ambiente pouco amistoso que perdura. No fim de contas, ainda o rescaldo da Autárquicas. E porquê?
O problema é basicamente este: ausência de debate que privilegiasse a discussão, em torno de questões que abordassem valores, ideologias, projectos colectivos.
E quando assim é, quando estão em causa, aparentemente, só interesses de ordem pessoal para uns tantos e se submergem interesses de ordem colectiva, a dicotomia óbvia que desponta é propícia à discussão que busca, nos fundamentos, o ataque torpe, maledicente, mesquinho, calunioso, boateiro.
Surge o sindroma dos “nós” e “eles”. Há uma categorização pessoal, as pessoas divididas em grupos, de um lado o grupo a que se pertence, do outro o grupo a que não se pertence.
Nesta categorização pessoal os “bons” estão no meu grupo, os “maus” no grupo a que não pertenço.
Glorificam-se os do meu grupo, satanizam-se os do outro. Desculpabilizam-se os do meu, recriminam-se os do outro. Bendizem-se os do meu, maldizem-se os do outro.
Neste jogo de antonímias, na ausência de fundamentos reais que o sustentem, recorre-se ao boato, à calúnia, inventam-se casos.
O cenário está criado, a crispação, o mal-estar colectivo tornam-se realidade.
Eu, por mim, não estou nessa. Censuro os principais instigadores da atoarda. Eles não são só de um grupo, do grupo dos outros, eles são também do meu grupo. E que cada um pense assim!
Calemos, pois, nas atoardas, os do nosso lado. Só assim silenciaremos, nas atoardas, os do outro lado. Isto aplica-se a todos, sejam desta ou daquela cor.
È tempo de pacificar, de construir. Debater, criticar construtivamente, sim! Denegrir, maldizer não! Porque Vila Cova precisa de nós, precisa de todos, precisa do que de bom há em cada um de nós.
É já bem tempo de dizer basta!
Nuno Espinal